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Governo chinês não concorda com Nobel
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O governo comunista da China
não concordou com o prêmio
Nobel de Literatura que a Academia Sueca concedeu anteontem
ao escritor Gao Xingjian, segundo
a France Presse.
"O resultado mostra mais uma
vez que o Nobel é utilizado politicamente. Não merece nosso comentário", afirmou ontem um
porta-voz do ministério chinês
das Relações Exteriores.
A reação é a mesma ocorrida
em 1989, quando o Nobel da Paz
foi entregue ao Dalai Lama, líder
espiritual tibetano exilado na Índia. Também costuma se repetir
quando cineastas como Zhang Yimou, Chen Kaige e Zhang Yuan
são premiados no exterior.
Jin Jianfan, representante da Associação Chinesa de Escritores,
vinculada ao governo comunista,
endossou o argumento e ressaltou que o comitê do Nobel "desconhece totalmente" a literatura
de seu país. "Há centenas de escritores melhores que Gao Xingjian", disse.
A imprensa chinesa também silenciou, com exceção da agência
semi-oficial Notícias da China,
que informou que Xingjian foi o
primeiro chinês a obter o prêmio.
Alguns sites locais divulgaram a
notícia, mas com brevidade. "Foi
mais uma bofetada na China",
disse um diplomata ocidental que
preferiu não se identificar.
Xingjian é praticamente desconhecido em seu país, salvo em alguns círculos de intelectuais que
demonstraram orgulho pela premiação.
"Haverá seguramente um impacto sobre a cultura chinesa",
afirmou Liu Xinwu, ex-redatora
da "Renmin Wenxue", uma das
mais tradicionais revistas de literatura no país.
Xingjian, 60, naturalizado francês, não esconde sua oposição ao
governo chinês. "O terror reina na
vida cotidiana chinesa. É um terror que sufoca a consciência humana e que destrói o povo", disse
o autor de "Fugitives" (93) e "Le
Livre d'un Homme Seul" (2000).
Ele começou a ser perseguido
pelo governo chinês no início dos
anos 80, por causa do tom de contestação presente em suas obras.
Seus livros não são vendidos na
China, onde ele é praticamente
desconhecido.
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