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Novos projetos e fãs mantêm o estilo vivo
DA REDAÇÃO
Se o Fellini vive dando seu
adeus, pode-se dizer que seus remanescentes vivem um surto de
adorável criatividade. O legado
permanece, seja através de novos
projetos, seja na música de artistas declaradamente fãs.
Há pelo menos dois discos
prontos, ainda sem datas de lançamento. No caso de "Tudo que
Eu Quero Dizer Tem que Ser no
Ouvido", primeiro disco solo de
Cadão Volpato, há até o risco de
não chegar às lojas. O CD foi enviado para a indie Outros Discos,
que ainda não avaliou o material.
Em um final de semana Volpato
compôs as oito músicas e logo
partiu para o estúdio, onde gravou sozinho, tocando guitarra e
teclados. "É um disco conceitual."
Ele conta que a idéia surgiu após
assistir a um documentário sobre
o pintor surrealista René Magritte
(1898-1967) na TV. "Cor de Carrossel" faz referências ao encontro do artista belga com sua mulher e à música "LSD", do Fellini:
"Conheci você num carrossel/
uma segunda-feira faz cem anos".
Volpato também canta e toca
no Baile Punk, banda que formou
com Jair Marcos e Ricardo Salvagni, ambos do Fellini. "Sabe
aqueles caras que jogam bola na
quarta-feira? É o nosso caso, mas
nos reunimos para tocar", diz Cadão. O grupo ainda não tem registro em estúdio e fez apenas dois
shows em SP.
Thomas Pappon criou o The
Gilbertos com sua mulher, Karla.
O projeto, segundo o músico, "é
mais experimental, usa mais samples, canta em várias línguas, tem
vocal feminino e soa mais como
bossa nova". Pappon já tem pronto o segundo álbum, "Deite-se ao
Meu Lado", "disco de cantor/
compositor de MPB" que tem
participação de Sean O'Hagan, do
High Llamas, que toca banjo em
uma das músicas.
Influências
O mais notório fã de Fellini, Chico Science (1966-97), chegou a organizar um show em Recife, em
94, ao lado da cantora Stela Campos e integrantes da Nação Zumbi, apenas com músicas da banda
paulistana. "Foi um show bem
cool, em um lugar pequeno onde
não coube nem metade das pessoas", relembra Campos, que fez
parte do Funziona senza Vapore,
grupo que os remanescentes do
Fellini montaram em 1992. "O Fellini é o tipo de banda que, quando uma pessoa descobria, ia compartilhando com outras, como
uma coisa valiosa, um segredo."
Foi em Recife que o Fellini ouviu seus ecos mais fortes. Diz Fred
Zero Quatro, do Mundo Livre S/
A: "Nos anos 80, tinha uma turma
[os principais personagens do
mangue beat] que se reunia e promovia sessões de músicas -ouvíamos muito Fellini. São os pioneiros no uso do estúdio caseiro
de quatro canais, bateria eletrônica bem tosca, e, mesmo assim, fazendo um som bem sofisticado.
Sempre admirei demais o Cadão,
que, da geração 80, foi a referência
mais inspiradora para mim. O Fellini representava muito uma forma que a gente tentava ser aqui
[no Recife]. É a coisa cosmopolita,
do antenado, do voltado pro futuro, para a metrópole. É um som
mais lugar-nenhum do que paulistano". (BYS)
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