São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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ERUDITO

Seis músicos franceses interpretam as 32 sonatas do compositor alemão escritas para piano, na sala Cecília Meireles

Obras de Beethoven são tema de "maratona" no Rio

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

De hoje a domingo, o Rio de Janeiro passa por uma imersão em Beethoven. Seis pianistas franceses se revezam no palco da sala Cecília Meireles, para interpretar o mais importante ciclo escrito para seu instrumento: as 32 sonatas do compositor alemão.
"O evento tem sido comparado a uma maratona, mas, na verdade, funciona como uma corrida de revezamento", explica a produtora Helena Floresta, que está trazendo a iniciativa ao Brasil. "Cada pianista sobe ao palco para tocar uma sonata, em duas apresentações por dia."
A interpretação integral das sonatas para piano de Beethoven no palco é muito rara no Brasil. Floresta lembra-se de um ciclo tocado pelo legendário austríaco Friedrich Gulda (1930-2000), em 1954; em São Paulo, foram tradição, há quatro décadas, os ciclos Beethoven do alemão naturalizado brasileiro Fritz Jank (1910-1970).
Se a utilização de um único pianista garante uniformidade na leitura, a vantagem de colocar vários artistas na empreitada é que a integral pode ser executada em tempo curto. Espalhada em quatro dias no Rio, a iniciativa vai ocorrer em apenas duas datas (dias 21 e 22) em Belo Horizonte, na sala Sergio Magnani, no Conservatório da UFMG, e já teve uma única jornada, em Nantes (França).
Dos seis artistas que vêm ao Brasil, o mais conhecido de nosso público é Emmanuel Strosser, que já esteve por aqui. Os outros são Claire Désert (a única mulher do grupo), Nicholas Angelich, Jean-Efflam Bavouzet, François-Fréderic Guy e Frank Braley.
Por telefone, de Paris, este último conta que a idéia surgiu com a euforia da vitória francesa na Copa do Mundo de 98, a partir de René Martin, diretor do Crea (Centro de Realizações e Estudos Artísticos), de Nantes. "Cerca de um mês depois da conquista do mundial, após um concerto do Festival Internacional de Piano La Roque d'Anthéron, ele disse: "Vou montar uma seleção francesa do piano, para tocar todas as sonatas de Beethoven"."
Em princípio, a experiência parecia estranha. "Nós somos solistas, não estamos habituados a dividir o palco com outros colegas. De repente, você toca uma sonata por 15 minutos, e sua participação acabou", diz Braley.
Os contatos para o projeto começaram em 1999, e a coisa andou a partir de 2000. Hoje, além de apresentações na França, o sexteto esteve na Turquia, e deve ir para Japão, Espanha e Portugal.
As sonatas são executadas em ordem cronológica, começando com os acentos haydnianos do trio que constitui o opus 2 até chegar à visionária opus 111, passando pelas famosas "Appassionata", "Patética" e "Ao Luar".
"Para o público, é uma espécie de viagem iniciática. Embora absorver todas as sonatas em pouco tempo exija um esforço extra de concentração, ao final do ciclo, as platéias ficam em estado de embriaguez, de euforia", conta Braley. "Hoje em dia, não dá para falar em escola francesa do piano. Todos nós absorvemos diversas influências de vários países. É um estímulo adicional para quem assiste ver um mesmo instrumento soando de maneiras distintas".


INTEGRAL DAS SONATAS PARA PIANO DE BEETHOVEN. Onde: sala Cecília Meireles (lgo. da Lapa, 47, tel. 0/xx/21/ 3224-3913). Quando: hoje e amanhã, às 18h e 21h; sáb. e dom., às 16h e às 19h. Quanto: R$ 40 e R$ 50 (ingresso avulso); R$ 60 e 80 (para duas apresentações no mesmo dia); R$ 160 e R$ 240 (para todos os concertos). Desconto de 50% para estudantes e pessoas acima de 60 anos. As duas últimas filas do balcão estão reservadas para estudantes de música com carteirinha, com ingresso a R$ 1.


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