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ERUDITO
Seis músicos franceses interpretam as 32 sonatas do compositor alemão escritas para piano, na sala Cecília Meireles
Obras de Beethoven são tema de "maratona" no Rio
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
De hoje a domingo, o Rio de Janeiro passa por uma imersão em
Beethoven. Seis pianistas franceses se revezam no palco da sala
Cecília Meireles, para interpretar
o mais importante ciclo escrito
para seu instrumento: as 32 sonatas do compositor alemão.
"O evento tem sido comparado
a uma maratona, mas, na verdade, funciona como uma corrida
de revezamento", explica a produtora Helena Floresta, que está
trazendo a iniciativa ao Brasil.
"Cada pianista sobe ao palco para
tocar uma sonata, em duas apresentações por dia."
A interpretação integral das sonatas para piano de Beethoven no
palco é muito rara no Brasil. Floresta lembra-se de um ciclo tocado pelo legendário austríaco Friedrich Gulda (1930-2000), em 1954;
em São Paulo, foram tradição, há
quatro décadas, os ciclos Beethoven do alemão naturalizado brasileiro Fritz Jank (1910-1970).
Se a utilização de um único pianista garante uniformidade na leitura, a vantagem de colocar vários
artistas na empreitada é que a integral pode ser executada em tempo curto. Espalhada em quatro
dias no Rio, a iniciativa vai ocorrer em apenas duas datas (dias 21
e 22) em Belo Horizonte, na sala
Sergio Magnani, no Conservatório da UFMG, e já teve uma única
jornada, em Nantes (França).
Dos seis artistas que vêm ao
Brasil, o mais conhecido de nosso
público é Emmanuel Strosser,
que já esteve por aqui. Os outros
são Claire Désert (a única mulher
do grupo), Nicholas Angelich,
Jean-Efflam Bavouzet, François-Fréderic Guy e Frank Braley.
Por telefone, de Paris, este último conta que a idéia surgiu com a
euforia da vitória francesa na Copa do Mundo de 98, a partir de
René Martin, diretor do Crea
(Centro de Realizações e Estudos
Artísticos), de Nantes. "Cerca de
um mês depois da conquista do
mundial, após um concerto do
Festival Internacional de Piano La
Roque d'Anthéron, ele disse: "Vou
montar uma seleção francesa do
piano, para tocar todas as sonatas
de Beethoven"."
Em princípio, a experiência parecia estranha. "Nós somos solistas, não estamos habituados a dividir o palco com outros colegas.
De repente, você toca uma sonata
por 15 minutos, e sua participação
acabou", diz Braley.
Os contatos para o projeto começaram em 1999, e a coisa andou a partir de 2000. Hoje, além
de apresentações na França, o
sexteto esteve na Turquia, e deve
ir para Japão, Espanha e Portugal.
As sonatas são executadas em
ordem cronológica, começando
com os acentos haydnianos do
trio que constitui o opus 2 até chegar à visionária opus 111, passando pelas famosas "Appassionata",
"Patética" e "Ao Luar".
"Para o público, é uma espécie
de viagem iniciática. Embora absorver todas as sonatas em pouco
tempo exija um esforço extra de
concentração, ao final do ciclo, as
platéias ficam em estado de embriaguez, de euforia", conta Braley. "Hoje em dia, não dá para falar em escola francesa do piano.
Todos nós absorvemos diversas
influências de vários países. É um
estímulo adicional para quem assiste ver um mesmo instrumento
soando de maneiras distintas".
INTEGRAL DAS SONATAS PARA PIANO
DE BEETHOVEN. Onde: sala Cecília
Meireles (lgo. da Lapa, 47, tel. 0/xx/21/
3224-3913). Quando: hoje e amanhã, às
18h e 21h; sáb. e dom., às 16h e às 19h.
Quanto: R$ 40 e R$ 50 (ingresso avulso);
R$ 60 e 80 (para duas apresentações no
mesmo dia); R$ 160 e R$ 240 (para todos
os concertos). Desconto de 50% para
estudantes e pessoas acima de 60 anos.
As duas últimas filas do balcão estão
reservadas para estudantes de música
com carteirinha, com ingresso a R$ 1.
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