São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2005

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Brasil verá "novo Strokes", diz Moretti

LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O velho Strokes está morto. Viva o novo Strokes. Essa parece ser a mensagem tirada das primeiras impressões de "First Impressions of Earth", o terceiro álbum do grupo nova-iorquino que será lançado em janeiro de 2006, mas que há alguns meses já grita por atenção no mundo virtual e real.
Em relação ao Brasil, tal grito é o mais real possível. A banda é uma das grandes atrações do Tim Festival 2005. Um ano depois de sua última apresentação ao vivo, os Strokes iniciam a nova fase e a turnê do disco novo no Rio de Janeiro na próxima sexta. Há um segundo show no Rio, no sábado, depois São Paulo, no domingo (23), e Porto Alegre, na terça (25).
A Folha ouviu em Nova York dez faixas "prontas" do novo CD, que terá 14, e conversou com o baterista da banda, o meio-brasileiro Fabrizio Moretti que, misturando português com inglês, explica por que o primeiro show da "nova encarnação dos Strokes" tinha que ser no Brasil.

 

ENFIM, O BRASIL...
Agora vai. Sempre foi difícil incluirmos o Brasil no nosso caminho por causa dessa burocracia estúpida de gravadora, que nos faz percorrer primeiro os mercados de sempre. O Brasil, de alguma forma, sempre esteve em nossas conversas, porque minha família é de lá, e o pai do Julian [John Casablancas, fundador da agência internacional Elite Model] mora no Brasil. E a quantidade de fãs brasileiros que pedem nosso show é muito grande.
Então, agora que tivemos a chance de escolher nossos destinos decidimos que o primeiro show dessa nova encarnação dos Strokes tinha que ser no Brasil.
O SHOW DO TIM
Estamos como loucos ensaiando as músicas novas para tocá-las no Brasil. Mas vamos misturá-las às canções dos dois primeiros discos porque sabemos da importância de tocar as músicas antigas em um lugar que nunca viu o nosso show e que tem um grande número de fãs que passou a gostar de Strokes por causa delas. Vai ser uma experiência interessante e talvez seja isso que nos deixa nervosos porque considero minha banda agora num outro nível do que era nos primeiros dois CDs. Misturar as músicas conhecidas, que agora são mais um testamento do que éramos, com as novas, que vão soar um "Strokes diferente" ao vivo, será um desafio.
O NOVO DISCO
É desafiador porque agora acho que conseguimos explorar nossos limites como banda. Cada um indo bem além, musicalmente, do que jamais foi. Por isso acho que essa é uma nova encarnação dos Strokes. Parecemos outra banda.
ESTE DISCO E OS OUTROS DOIS
Os dois primeiros álbuns são como duas ex-namoradas. Você tem que respeitá-las. Você ama tudo o que você aprendeu com elas. Mas o terceiro é seu novo relacionamento. É por quem você está apaixonado. Isso tem muito a ver com o fato de termos gravado esse terceiro disco no nosso próprio estúdio. O primeiro disco foi assim: pegamos as únicas músicas que tínhamos, regravamos algumas às pressas e fizemos o álbum. O segundo CD foi feito ouvindo o tic-tac do relógio do estúdio, a cada segundo que ele comia da gente. Este agora nós fizemos no nosso tempo, no nosso estúdio. Ficamos debruçados horas em cima de cada canção. Se eu fosse comparar os Strokes com artes plásticas, diria que os dois primeiros discos são bonitos desenhos em pedaço de papel. E o terceiro álbum, uma escultura. Entende o que eu quero dizer?"

O colunista Lúcio Ribeiro viajou a Nova York a convite da Sony/BMG

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