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ÓPERA
'Tosca' marca volta de Céline Imbert a SP
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
"Tosca", ópera em três atos de
Giacomo Puccini (1858-1924), entrará em cartaz na próxima quinta-feira, em produção (R$ 600 mil)
dos Patronos do Teatro Municipal.
É uma das obras mais bem-sucedidas do repertório lírico.
"Tosca" marcará a volta da soprano brasileira Céline Imbert,
que desde 1992 não participava de
nenhuma montagem paulista. Ela
dividirá o papel de Floria Tosca,
em três das seis récitas, com a norte-americana Mary Jane Johnson.
O tenor norte-americano Neil
Wilson e o brasileiro Rubens Medina interpretarão Mario Cavaradossi, enquanto o barão Scarpia
será cantado pelos barítonos norte-americanos Frecerick Burchinal
e Gary Simpson.
A Orquestra Experimental de
Repertório estará sob a regência de
Jamil Maluf. Os cenários foram
alugados ao Colón, de Buenos Aires, de onde também chegam Aníbal Lapiz e Matías Cambiasso, responsáveis pela direção cênica.
Puccini já era um compositor
consagrado quando, em 1900, sua
"Tosca" estreou em Roma. No
mesmo ano, foi montada no La
Scala de Milão e, no ano seguinte,
no Met, de Nova York.
Foi com essa obra, no entanto,
que o autor de "Manon Lescaut"
(1893) e "La Bohème" (1896) se
impôs por razões complementares. Passou a ser visto como o sucessor, na ópera italiana, da grandeza de Giuseppe Verdi. Mas nunca ninguém havia ousado se afastar tão nitidamente da linguagem
operística verdiana.
Em Paris, Claude Débussy e Paul
Dukas o execraram. Em Viena, no
entanto, Arnold Schoenberg reconheceu a grande revolução lírica
que naquele momento se operava.
Puccini é de um experimentalismo ousado. As árias são breves, os
recitativos acompanhados de uma
orquestração entremeada de temas de imperceptível fluidez.
A própria presença desses temas
(leitmotive) evoca de forma particular a estética wagneriana. Mas
com novas ousadias harmônicas,
como a dos acordes divergentes
que definem o imoral e poderoso
personagem do barão Scarpia.
"Tosca" é, na história da ópera,
um sucesso que contrasta com seu
fracasso no teatro. A peça, escrita
por Victorien Sardou, teve como
primeira intérprete a antológica
Sarah Bernhardt. Não ficou em
cartaz mais que uma temporada.
Os libretistas Luigi Illica e Giuseppe Giacosa municiaram Puccini com uma adaptação menos centrada nos meandros políticos em
que o enredo se desenrola.
É a Roma de 1800. O establishment papal redobra sua vigilância
sobre os "inimigos internos",
com a aproximação das tropas napoleônicas e dos ideais igualitários
que a França na época exportava.
Scarpia é o chefe da polícia, que
deseja de forma mórbida os favores da cantora Floria Tosca. Consegue um pretexto para prender
seu amante, o pintor de afrescos
Mario Cavaradossi. Scarpia propõe a Floria soltá-lo, em troca de
uma noite de amor com ela.
Entra então em jogo um duplo
simulacro. Tosca faz de conta que
se entrega, mas assassina seu sedutor. Este, por sua vez, ganha uma
bela vingança póstuma. Em lugar
dos tiros de festim, que ele prometera a Tosca, é com balas de verdade que Cavaradossi é fuzilado.
Ópera: Tosca, de Giacomo Puccini
Produção: Patronos (com Dow Química,
Schahin Cury e Votorantim)
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo s/n, tel. 011/222-8698, centro,
São Paulo)
Quando: dias 16, 18, 21, 22 e 24 de
outubro, às 20h30; dia 19, às 17h
Quanto: de R$ 5 a R$ 60
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