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Vizinho comediante atrapalha gravação de "Gran Hermano"
CYNARA MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL
Silvio Santos sabia o que fazia
quando comprou a casa ao lado
da sua para de lá transmitir seu
"reality show". Na Espanha, o comediante Leo Bassi levou os produtores de "Gran Hermano" (o
"Big Brother" de lá) à loucura ao
alugar uma propriedade vizinha
com o único intuito de bagunçar a
veiculação do programa.
Para começar, Bassi, com a ajuda de potentes alto-falantes, colocava música clássica e lia trechos
de "1984", de George Orwell (o
criador do "Big Brother"), em volume tal que "vazava" na transmissão, interferindo nos diálogos
entre os participantes.
Não satisfeito, montou um andaime de nove metros de altura
para fazer imagens piratas da piscina do vizinho televisivo. Os produtores faziam o que podiam:
tentaram pôr uma lona cobrindo
o quintal; com uma mangueira,
lançaram jatos d'água contra o
comediante e sua equipe; e, apesar do calor, proibiram os participantes de usar a piscina.
Um dos últimos concursantes a
sair da casa acabou não podendo
ser entrevistado como de costume, porque o humorista acionou
uma sirene da Marinha soviética
que tornou praticamente impossível se escutar outra coisa na
transmissão. Bassi acabou preso.
Mas a pirataria do comediante
foi só um dos percalços enfrentados pela Telecinco na exibição do
primeiro "Gran Hermano" (acaba de terminar o segundo). O programa espanhol causou tanta polêmica do lado de fora que acabou
rendendo um livro homônimo
que também se tornaria sucesso,
de autoria dos jornalistas Rebeca
Quintáns e Andrés Sánchez.
No livro "Gran Hermano - El
Precio de la Dignidad" (Ardi), sob
o pretexto de criticar um programa feito para explorar a intimidade alheia, os autores relatam os
bastidores da produção, cuja segunda edição chegou a quase 50%
da audiência da TV aberta -cerca de 7,7 milhões de telespectadores em um país com aproximadamente 40 milhões de habitantes.
Quintáns e Sánchez falam, por
exemplo, da espionagem sem trégua promovida pela revista sensacionalista "Interviú", que teve
acesso aos questionários sigilosos
distribuídos aos candidatos na fase de seleção, com perguntas do
tipo: "Quando, como e com quem
perdeu a virgindade?".
A revista também causaria polêmica extramuros ao revelar que
duas das participantes eram ex-prostitutas. Uma das moças já havia sido eliminada; a outra acabou
se decidindo -ou sendo coagida,
não fica claro- a deixar a casa. A
revista vai revelando que nem tudo, ao contrário do que dizem os
produtores, é espontâneo, mas
combinado com a direção.
Alguns acontecimentos não
programados resultaram hilários:
um simpatizante (pacífico) do
grupo terrorista ETA conseguiu
pular os muros da casa e, com
uma bandeira em mãos, dizer palavras de ordem. A transmissão
saiu do ar até que o rapaz fosse retirado da casa.
GRAN HERMANO - EL PRECIO DE LA
DIGNIDAD. De: Rebeca Quintáns e
Andrés Sánchez. Editora: Ardi. US$ 10,28
(cerca de R$ 26). Onde encomendar:
www.elmundolibro.com.
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