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ANÁLISE
Programa é sensacional e honesto
MARCELO RUBENS PAIVA
ARTICULISTA DA FOLHA
"Estou de olho em você,
Silvio", disse Supla no último domingo, no link ao vivo do
SBT. Supla e os telespectadores, a
concorrência, a crítica, o mercado
publicitário e a mídia estão de
olho em Silvio (Santos). "Casa dos
Artistas" é a estrela do ano. Não se
fala de outra coisa. O programa é
sensacional e honesto.
Não explora deficiências
alheias, não deturpa a verdade,
não oferece sopa de minhocas,
não exibe operação de mudança
de sexo nem martela o jargão sensacionalista. Na semana passada,
na mesa de um bar, até ex-presos
políticos comentavam o programa e davam a receita para o convívio forçado: divisão de trabalho
e lazer programado.
Há aqueles que reclamam do nível intelectual dos participantes,
cuja maioria tem na carteira de
trabalho o trinômio "modelo-manequim-atriz". Eu também
acharia bem mais interessante a
"Casa dos Intelectuais".
Porém seria meio entediante vê-los sentados lendo. E, sinceramente, com a mistura de tédio e
prisão, os intelectuais não estariam com o tempo conspirando
contra os outros, reclamando daquele que não lava a louça?
Eu daria uma semana para os
intelectuais brotarem o Alexandre Frota adormecido em cada
um. "Casa dos Artistas" é um
exemplo que transcende as normas da dramaturgia. O enredo já
foi explorado antes. Mas não é
preciso construir personagens. Os
atores, brutos, são como eles são,
suas defesas são desarmadas com
o tempo e as neuroses individuais
explodem. Os conflitos surgem
sem a necessidade de um autor.
A linguagem, tipo assim, é a da
parada da galera: coloquial. Deus
não é máquina, e, diariamente, há
peripécias e revelações que nascem espontaneamente.
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