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"TARSILA DO AMARAL E DI CAVALCANTI"
Mostra dos dois expoentes do movimento no Brasil está no MAM Ibirapuera
Do modernismo, sobra mais intenção que obra
TIAGO MESQUITA
CRÍTICO DA FOLHA
A exposição de dois expoentes do primeiro modernismo no Brasil, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, retoma o tema
"mito e realidade". Saindo do mérito da discussão proposta pela
curadoria e transpondo essa polarização para outro âmbito, pode-se dizer, de olho nas telas, que, infelizmente, nesse primeiro impulso modernista nas artes do Brasil,
sobra mais mito que realidade,
mais intenção que obra.
Esse tipo de afirmação deve ser
feita com cuidado, mantendo distância da cantilena antimodernista. Não se trata disso, mas de verificar qual a distância entre as
obras e sua intenção manifesta.
No caso de Tarsila, ela desenvolveu uma contribuição original na
transposição das inovações das
vanguardas européias para cá.
Nos quadros de 1924 a 30, a organização dá à tela a feição de uma
lenda de formas planas, passagens de cor suavizadas, seres e escalas fantásticas. O "selvagem" do
imaginário popular é re-significado como vantagem, nossa contribuição civilizatória.
Entretanto, quando Tarsila, nos
anos 30, inicia uma pintura realista, o popular perde essa potência
criadora. Ela passa a olhar para o
povo com comoção. Os pobres na
tela são gente de bom coração,
mas que não reagem. Talvez a artista quisesse lhes retirar a pecha
de "classes perigosas", mas é demais lhes tratar como vítimas.
No caso de Di Cavalcanti não se
trata da metamorfose de uma
promessa utópica numa forma
complacente. Na sua caricatura
ele já manifesta um interesse mais
moral do que artístico. Preocupa-se com a hipocrisia das elites, sua
falta de retidão e com a corrupção
dos modos. Vai além e, populista
como ele só, se volta aos desvalidos, atrás de mitos urbanos.
Desse modo, Di apela para formas e esquemas de estruturação
visual mais tradicionais. Só que
seus personagens são negros e
moradores de vielas e cortiços.
Assim, se em Tarsila a mitificação
da urbanização anunciava uma
utopia, em Di ele quer ser a realidade da "humanidade brasileira".
Tarsila do Amaral e Di
Cavalcanti
Onde: MAM Ibirapuera (av. Pedro
Álvares Cabral, s/nš, portão 3, pq.
Ibirapuera, SP, tel. 0/xx/11/5549-9688)
Quando: ter., qua. e sex.: das 12h às 18h;
qui.: das 12h às 22h; sáb. e dom., das 10h
às 18h; até 15/12
Quanto: R$ 5 (grátis p/ menores até dez
e maiores de 65 anos, qui. a partir das
17h e às ter.)
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