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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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POPLOAD

Aos vivos

Divulgação
Os Strokes durante show recente da turnê norte-americana


LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA, EM HOUSTON

A turnê do ano no rock acabou no último domingo, em Atlanta (EUA), e reuniu o incensado grupo emergente Kings of Leon e o megapós-incensado The Strokes, banda onipresente em bancas de jornais e revistas para quem olha as prateleiras dedicadas às publicações musicais.
A "Popload" interceptou a tour dos meninos religiosos do Tennessee e dos nada cristãos de Nova York na cidade de Houston, no Texas, o penúltimo show deste giro que vai continuar em dezembro, na Europa e Oceania.
O local, o enorme Verizon Wireless Theater, estava com seus ingressos esgotados (no chute, umas 1.500 pessoas) e o clima dentro estava quente para os Strokes, mas morno na apresentação dos Leon, que são grande no underground inglês, mas têm tímida aceitação fora do sertão americano. A banda teen de country-rock fez um show correto e só. Se você fechasse os olhos, a impressão que ficava era de que o som vinha limpo do disco, não de uma apresentação ao vivo se aproveitando de uma casa lotada.
Quando os Strokes entraram para divulgar seu novo disco, "Room on Fire", o público se amassou na frente do palco para se aproximar do quinteto e se dividiu em dois: mulheres para chegar o mais perto possível do vocalista Julian Casablancas e homens para promover rodas de pogo como se o show fosse dos Ramones.
E aí veio a luz. O que difere um concerto dos Strokes hoje do de um da turnê do primeiro disco vem da iluminação, transada e bem editada, que transmite um excessivo grau de adrenalina no trajeto palco-platéia na hora dos rompantes de guitarra ou da gritaria de Casablancas. São luzes estroboscópicas em quantidade e velocidades capazes de animar até as baladas da cantora Maria Rita.
Musicalmente, havia também um efeito impressionante. As músicas do recém-lançado segundo álbum parecem uma espécie de continuação de como acabou o primeiro, o "Is This It".
Mas ao vivo as canções do primeiro disco pareciam ser de um tempo muito distante no nível de energia da banda, sem nenhum demérito para os velhos (velhos?) hits do álbum de estréia nesta impressão.
Uma nova cantora, Virgina Spector, fez um dueto em uma bela e não-titulada música inédita dos Strokes, numa levada que lembrava "Candy", de Iggy Pop e Kate Pierson, do B-52's.

Audio Bullys
Um dos principais nomes britânicos dessa tendência que leva para as pistas uma mistura de rock, eletrônica e hip hop, tudo junto, toca hoje em Maresias.
A dupla de DJs Audio Bullys, um encontro de Clash com Specials com Fatboy Slim, se apresenta no clube Sirena. Uma pena que os produtores paulistanos deixaram escapar a chance de aproximar a cidade de uma atração tão ano 2010.

Lock and Loll
Mas os indies da cidade não deixaram passar uma visita rápida a 1977. Na última terça-feira, lotaram o Trip Bar para ver a banda punk tosca Guitar Wolf, do Japão.
Num calor interno de uns 50 graus, o trio massacrou o punk (no bom sentido) na platéia presente em músicas sem intervalo e todos vestidos de calça e jaqueta de couro. Só o guitarrista/vocalista manteve o vestuário até o fim. Pior, era o que incessantemente pulava, trombava com o microfone, com os amplificadores, rolava no chão.
Sim, ele deve estar vivo.

lucio@uol.com.br


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