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ILUSTRADA
Para ministro, diretores "brancos de classe média" usam "arquétipos perversos"
"Cinema ridiculariza o negro", diz Gil
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Sim, existe um cinema próprio
dos negros brasileiros, que se contrapõe a um cinema branco hegemônico, em que muitas vezes
aparecemos nós, os negros, de
modo secundário ou ridículo",
disse o ministro da Cultura, Gilberto Gil, em palestra na programação "Cinema Negro -°Reflexões e Perspectivas", realizada na
Faculdade de Educação da USP.
Gil disse que o "cinema branco
hegemônico é pródigo em filmes
que reforçam arquétipos perversos, como o do "crioulo doido", da
"mulata boazuda", do "preto velho", do "negro bandido'" e que "a
absorção e permanência de estereótipos no cinema deve-se principalmente ao fato de que a maioria esmagadora dos realizadores
são brancos e de classe média".
O ministro afirmou que lhe parece "impossível contornar esse
problema sem a presença, atrás
das câmeras, de realizadores negros, com uma visão crítica de sua
própria trajetória".
"Cabe aos criadores negros
aproveitar esse momento [de expansão da produção cinematográfica] e transformá-lo em realizações constantes, procurando
retratar não o negro com o pandeiro na mão, com a bola no pé ou
com a AR-15 no ombro, mas o negro comum, cidadão, que ama e
sofre, que trabalha e sonha, que se
afirma sobre a adversidade."
Depois do ministro, discursou
Ubiratan Castro, presidente da
Fundação Palmares, entidade
vinculada ao MinC para a promoção e preservação da cultura negra. Castro anunciou a intenção
de ocupar espaço nas TVs públicas brasileiras com conteúdo produzido por realizadores negros.
Da USP, Gil seguiu para o aeroporto de Congonhas, onde autografou exemplares do livro "Gil 60
- Todas as Contas" (360 págs., R$
150), organizado por Bené Fonteles e editado pela Gegê Edições,
produtora artística do ministro.
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