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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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ILUSTRADA

Para ministro, diretores "brancos de classe média" usam "arquétipos perversos"

"Cinema ridiculariza o negro", diz Gil

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Sim, existe um cinema próprio dos negros brasileiros, que se contrapõe a um cinema branco hegemônico, em que muitas vezes aparecemos nós, os negros, de modo secundário ou ridículo", disse o ministro da Cultura, Gilberto Gil, em palestra na programação "Cinema Negro -°Reflexões e Perspectivas", realizada na Faculdade de Educação da USP. Gil disse que o "cinema branco hegemônico é pródigo em filmes que reforçam arquétipos perversos, como o do "crioulo doido", da "mulata boazuda", do "preto velho", do "negro bandido'" e que "a absorção e permanência de estereótipos no cinema deve-se principalmente ao fato de que a maioria esmagadora dos realizadores são brancos e de classe média".
O ministro afirmou que lhe parece "impossível contornar esse problema sem a presença, atrás das câmeras, de realizadores negros, com uma visão crítica de sua própria trajetória".
"Cabe aos criadores negros aproveitar esse momento [de expansão da produção cinematográfica] e transformá-lo em realizações constantes, procurando retratar não o negro com o pandeiro na mão, com a bola no pé ou com a AR-15 no ombro, mas o negro comum, cidadão, que ama e sofre, que trabalha e sonha, que se afirma sobre a adversidade."
Depois do ministro, discursou Ubiratan Castro, presidente da Fundação Palmares, entidade vinculada ao MinC para a promoção e preservação da cultura negra. Castro anunciou a intenção de ocupar espaço nas TVs públicas brasileiras com conteúdo produzido por realizadores negros.
Da USP, Gil seguiu para o aeroporto de Congonhas, onde autografou exemplares do livro "Gil 60 - Todas as Contas" (360 págs., R$ 150), organizado por Bené Fonteles e editado pela Gegê Edições, produtora artística do ministro.


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