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TELEVISÃO
Minissérie faz metáfora do 11 de Setembro ao abordar o retorno de pessoas que foram raptadas por alienígenas
"The 4400" vê uma América abduzida por invasores
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Com a recente reeleição de
George W. Bush, produções que
fazem alegorias sobre os traumas
do 11 de Setembro acabam soando passadistas, quando não descartáveis ou tendenciosas demais.
"The 4400", minissérie americana
que estréia nesta sexta-feira no
Universal Channel, aglutina todos
esses poréns, no entanto mantém
seu interesse quando trabalha no
terreno da pura ficção.
Com o cineasta Francis Ford
Coppola como produtor-executivo, a série parte de uma premissa
pouco abordada pela maioria das
produções de ficção científica. Em
certo sentido, é uma espécie de
continuação para a televisão de
"Contatos Imediatos do Terceiro
Grau" (1977), o filme de Steven
Spielberg sobre pessoas raptadas
por seres extraterrestres.
"The 4400" começa no ponto
em que termina o longa, ou seja,
uma nave despeja em Washington (EUA) 4.400 pessoas que sumiram do planeta nos últimos 50
anos e que foram consideradas
mortas. Para elas, nenhum dia se
passou desde o desaparecimento.
Olhadas com desconfiança pelas forças de segurança norte-americanas, elas não fazem idéia
do que aconteceu e inicialmente
são colocadas em quarentena em
uma base militar.
"O 11 de Setembro é a matéria-prima da série. A principal relação com a data é imaginar como
um fato de tal magnitude transforma a vida das pessoas e como
isso vai determinando o que somos hoje", diz o criador da série,
Scott Peters, à Folha.
Ao menos no primeiro episódio
(de um total de cinco, na primeira
temporada), ficam sugestões um
tanto unilaterais: o inimigo vem
de fora, e todos agora vivem com
saudades de um idílico passado,
na busca por uma suposta inocência perdida. Entre os personagens está uma mulher que é abduzida no começo dos anos 90.
Quando retorna à Terra, já nos
dias atuais, vai ao encontro de sua
família, apenas para descobrir
que o marido e a filha já não a desejam mais por perto. Ou então,
uma menina de oito anos que some nos anos 40, para voltar órfã.
A julgar pelo desenrolar da trama, todos os afetados pelo episódio tornam-se seres anormais. Os
"retornados" desenvolvem poderes incomuns, momento em que a
série cruza com idéias do filme-HQ "X-Men", sobre mutantes.
O público norte-americano gostou da metáfora. Na estréia, o episódio bateu recordes de audiência
dentro da TV a cabo, com 7,4 milhões de telespectadores, superando a marca anterior, de 6,4 milhões ("The Dead Zone"). O bom
resultado garantiu uma segunda
temporada nos EUA, agora com
mais 13 episódios.
Peters, no entanto, acredita que
o sucesso se deve a fatores não ligados diretamente a sentimentos
patrióticos, mas sim a outros terremotos, como o declínio do segmento dos "reality shows".
"Havia muitos "realities" no verão passado [julho, nos EUA],
quando estreamos. O formato
tornou-se repetitivo demais, e as
pessoas começaram a voltar às séries, que possuem roteiros elaborados, personagens, diálogos
etc.", acredita Peters.
"The 4400" ganha simpatia por
extrapolar os limites da ficção
científica. "A diferença com séries
como "Arquivo X" é que nós mostramos o que os personagens fazem quando chegam em casa à
noite, por exemplo, além de abordar questões relativas a pessoas de
todas as idades."
THE 4400. Quando: sexta-feira (dia 19),
às 21h, no Universal Channel.
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