Muita coisa mudou na perfumaria mundial nas últimas décadas. A principal transformação foi que as fragrâncias também entraram no ritmo frenético da moda. Hoje em dia, elas já não duram como antigamente no gosto dos consumidores, que desejam novos aromas como querem novas roupas.
O diagnóstico é do empresário Roberto Martone, presidente do ICR-ITF (Industrie Comestiche Reunite/Italian Fragrances), uma das principais produtoras e distribuidoras de perfumes da Itália, criada nos anos 1940. "A nova geração de consumidores já não é tão fiel a um perfume como as anteriores. Ela está sempre à espera de novos produtos", disse ele à Folha, em Milão.
A empresa está produzindo e lançando os novos perfumes da DSquared2, He Wood e She Wood. Ela também é responsável por outras fragrâncias famosas, em associação com marcas como Roberto Cavalli, Bulgari e Ferré. Em 2009 e 2010, lançará os perfumes Blumarine e Blugirl, das grifes do mesmo nome.
Em 2007, a ITF produziu 80 milhões de frascos de perfumes em sua indústria em Lodi (a cerca de 40 min de Milão), onde trabalham 600 pessoas. Neste ano, a empresa calcula que fabricará 90 milhões.
Segundo Martone, agora que os perfumes se tornaram um item fashion, as indústrias precisam lançar ao menos um produto novo por ano -enquanto que, no passado, os lançamentos ocorriam em média a cada três anos.
Do capital investido no lançamento de um novo perfume, 2/3 dos gastos vão para a criação do produto e 1/3 para o marketing. "A concorrência é muito grande, você tem que ser inovador e aplicar muito no design e na publicidade. O perfume só será lucrativo se ele for um grande sucesso", disse.
O empresário explicou que a notoriedade de uma marca, como a DSquared2 é um atrativo forte para o lançamento de um perfume. Mas não é o único. Para ele, as chaves do sucesso são cinco: a embalagem, o nome, a fragrância, a distribuição e a comunicação. "Mas a fragrância é o mais importante, porque, se o consumidor gosta dela, depois do primeiro contato ele já não se importa mais com os outros aspectos."


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