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"New Yorker" se recusou a publicar os originais, que sairão pela "Playboy"
DA REPORTAGEM LOCAL
O filho do autor russo Vladimir Nabokov, Dmitri, vem recebendo críticas negativas da
imprensa desde meados da década de 90, quando ficaram claras suas intenções de publicar o
romance inacabado do pai.
O assunto voltou à tona no
ano passado, quando os direitos foram vendidos a editoras
de todo o mundo. Em julho deste ano a revista "Publisher
Weekly" teve acesso ao texto e
fez a primeira resenha. A notícia era ruim: "Será um erro se
os leitores chegarem a esse livro esperando qualquer coisa
que lembre um romance".
Outro golpe pelo qual passou
a investida de Dmitri veio
quando a prestigiosa revista literária norte-americana "New
Yorker" se recusou a serializar
os manuscritos em suas edições. Restou ao agente literário
contratado por Dmitri, Andrew
Wylie, oferecê-los para a "Playboy" americana -que os publicará a partir de dezembro.
Os envolvidos na edição de
"O Original de Laura" costumam citar um fato irônico
quando criticados. Nabokov
era admirador de Franz Kafka
(1883-1924). Antes de morrer, o
tcheco pediu ao amigo Max
Brod que queimasse os originais de obras como "O Processo" e "O Castelo". Sobre isso,
Nabokov certa vez escreveu:
"Felizmente, Max Brod não
atendeu ao desejo do amigo".
Brian Boyd, biógrafo do autor, lembra outra ironia, na entrevista à Folha. Nabokov gostava de citar seu poeta favorito,
Púchkin, que dizia: "Escrevo
por prazer e publico por dinheiro". É de dinheiro, afinal,
que trata toda a polêmica. "É
inegável que Dmitri tem em
mente o que ganhará com a
venda do livro e com o aumento do interesse pela obra de Nabokov", diz Boyd.
(RC)
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