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VANESSA VÊ TV
VANESSA BARBARA vanessa.barbara@uol.com.br
Ioga para homicidas
TALVEZ SEJA culpa da velhice, mas
acho surpreendente, quase inexplicável, a existência de um seriado como "Dexter" (FX, qui., às 22h, 18
anos), que atinge picos de audiência
de 2,6 milhões de espectadores nos Estados Unidos.
Para quem nunca viu, a série fala
de um analista forense da polícia de
Miami, especialista em padrões de
dispersão de sangue, mas que também acumula o ofício de serial killer nas horas vagas.
Sim, é um mocinho sociopata que
esfaqueia, asfixia e retalha o próximo, embrulha seu cadáver e o despeja no mar, a bordo de um iate chamado "Fatia da Vida".
É verdade que em sua lista de vítimas figuram apenas homicidas impunes e que só raramente ele mata
alguém por engano. "Eu sou um
monstro limpinho", afirma, referindo-se aos rolos de plástico com que
costuma forrar a cena do crime.
"Vivi na escuridão por um bom
tempo. Então meus olhos foram se
ajustando até que a escuridão se tornou o meu mundo e eu pude enxergar", filosofa.
Durante a segunda temporada da
série, que já está em seu quinto ano,
o canal australiano Foxtel precisou
tirar do ar um comercial que foi considerado de mau gosto. Além disso,
meia dúzia de psicopatas em atividade confessaram sua admiração
pelo personagem, o que estranhamente ainda não gerou nenhuma
passeata de senhoras escandalizadas com a atração.
O que é ótimo, pois, enquanto isso, podemos assistir a cenas de Dexter na aula de ioga: "Este é absolutamente, sem dúvida nenhuma, o pior
momento da minha vida". Então a
professora começa a dançar e pede
que Dexter seja tão belo quanto os
flocos dourados de poeira diante da
luz do sol. "Eu provavelmente poderia matá-la antes que alguém percebesse o que houve", pensa.
Dexter é um justiceiro engraçado,
do tipo que hesita em matar um psiquiatra homicida só porque precisa
de mais uma sessão de terapia. Sua
narração em "off" tem humor negro,
tiradas tétricas e trocadilhos bobos.
"Mais um belo dia em Miami -cadáveres mutilados e chances de tormenta no fim da tarde."
Em certa ocasião, a mulher pergunta como ele pode ficar impassível diante do sofrimento do filho tomando uma injeção, ao que Dexter retruca mentalmente: "Serial killer, lembra?".
Como se não bastasse, o fim da quarta temporada é de matar.
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