São Paulo, sábado, 14 de novembro de 1998

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Festival de blues é de dar inveja a norte-americanos

EDSON FRANCO
Editor de Veículos

É de dar inveja em paulistano e em norte-americano também. Nos EUA, há muito festival de blues metido a bacana que não consegue juntar o mesmo time que São Carlos está prestes a ver.
Várias correntes do blues (de Chicago, acústico e soul-blues) contemporâneo estarão representadas por músicos que se encontram em ótima forma.
Quem programou o festival mostrou entender do riscado ao fechar o evento com o guitarrista Magic Slim e sua banda, The Teardrops, para pôr ponto final no evento.
Tratado nos EUA como um tesouro nacional, Slim é dono do mais coeso grupo de blues em atividade.
Lançado neste ano, seu último disco, "Black Tornado", dispensa frescuras. Duas guitarras, baixo e bateria. Assim foi no estúdio, assim será em São Carlos.
Já livre do estigma de clone de Chuck Berry, Eddy "The Chief" Clearwater vem dando aulas de como deve ser tocada a guitarra no mais genuíno estilo de Chicago.
Felizmente, Clearwater não conseguiu se livrar do principal fator que associava seu trabalho ao de Berry: seus shows são tão demolidores quanto aqueles do dito pai do rock'n'roll.
Velho conhecido dos palcos nacionais, Duke Robillard deve mostrar a sua bem-sucedida mistura de blues e jazz. Tomara que dessa vez ele traga um naipe de metais, o melhor contraponto para a sua guitarra cheia de suingue.
Fãs de gaita vão tomar um banho de tradição no show de Carey Bell, músico que aprendeu a tocar em seu Mississippi nativo e apurou o estilo em Chicago.
Criativas e cativantes, as três senhoras que formam o grupo Saffire the Uppity Blues Women começaram como historiadoras do blues.
Como, em vez do que saía da boca, os alunos gostavam mais do que saía das mãos dessas senhoras, elas decidiram perpetuar nos palcos o apelo do blues acústico das primeiras divas do estilo.
A única atração questionável entre os músicos internacionais é também a mais famosa. Trata-se de Ike Turner, cantor e guitarrista que, depois das surras em Tina Turner, vem vagando pelos palcos -principalmente europeus- tentando provar que ainda é capaz de entreter uma platéia.
Durante uma apresentação em Londres, em abril do ano passado, ele não conseguiu. Ao lado do ótimo guitarrista britânico Otis Grand, Turner desafinou e tocou notas erradas no piano e na guitarra. Deu dó.
Pelo lado nacional, o gaiteiro Flavio Guimarães, a Orquestra Paulista de Soul e o grupo Big Allambick fazem as honras da casa.



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