São Paulo, sábado, 14 de novembro de 1998

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CANTORES
Enquete da "Mojo' destacou os melhores
Aretha bate Sinatra em eleição inglesa

CARLOS CALADO
especial para a Folha

Nem Frank Sinatra, nem Billie Holiday. A cantora norte-americana Aretha Franklin foi a vencedora de uma enquete promovida pela revista britânica "Mojo", que elegeu os cem maiores cantores de todos os tempos (veja os primeiros no quadro abaixo).
Para chegar ao resultado, a equipe da revista consultou 175 intérpretes de diversos gêneros -do rock à música lírica. Todos eles formularam listas com seus dez intérpretes favoritos; cada menção valia um voto.
Como acontece em qualquer enquete opinativa desse gênero, os resultados são polêmicos. Mas o fato de os eleitores indicados pela "Mojo" estarem majoritariamente ligados ao universo da música pop parece ter contribuído para inúmeros disparates.
É difícil levar a sério que o ex-beatle John Lennon, eleito em inusitado quarto lugar, tenha ficado à frente da grande "lady" do jazz Billie Holiday (quinta colocada), do "soulman" Otis Redding (o décimo) ou do eclético Nat King Cole (o 12º).
² Ella Fitzgerald, 14º
Algo quase tão absurdo como ver Ella Fitzgerald, uma das maiores intérpretes da música popular deste século, classificada em um modestíssimo 14º lugar, atrás de Paul McCartney (13º). Ou, pior ainda, atrás de Bob Dylan (11º), sem dúvida, bem mais brilhante como autor do que cantor.
E o que dizer de classificações, no mínimo polêmicas, como a da "mãe do gospel" Mahalia Jackson (eleita em um tímido 43º lugar), da cantora lírica Maria Callas (63ª colocada), da intérprete francesa Edith Piaf (96ª) ou da jazzista Betty Carter (98ª)?
Quem, a não ser os fãs mais radicais do punk rock, pode admitir que John Lydon (eleito em 62º lugar), o escrachado vocalista dos Sex Pistols, seja considerado melhor cantor que Mavis Staples (64ª), Smokey Robinson (67º), Steve Winwood (68º), Jim Morrison (79º) ou Etta James (80ª)?
Na verdade, a lista está recheada de nomes bastante discutíveis. E o fato de grande parte dos eleitores serem britânicos pode ajudar a explicar a inclusão de cantores das divisões inferiores do pop do Reino Unido, como Scott Walker (dos Walker Brothers) ou Ray Davies (dos Kinks).
² Ausências
A inexplicável ausência de Curtis Mayfield, Aaron Neville, Chaka Khan e Wilson Pickett, preteridos por intérpretes menores, como Glenn Campbell, Ronnie Spector e Karen Carpenter, é outro problema que compromete a lista final. Com tantos disparates, é impossível levá-la a sério.



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