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CINEMA
Alexis Loret protagoniza, com Juliette Binoche, "Alice e Martin', de André Téchiné, que já dirigiu "Rosas Selvagens'
Modelo-ator é destaque em filme francês
MARIANA SGARIONI
de Paris
Três anos depois de "Os Ladrões", o cineasta francês André
Téchiné estreou em Paris, na semana passada, "Alice e Martin",
seu mais novo filme.
Com Juliette Binoche no papel de
Alice e o principiante Alexis Loret
como Martin, Téchiné aborda um
assunto delicado: o parricídio.
A trama narra a história de Martin, filho bastardo de uma família
burguesa do sudoeste da França,
que matou seu pai. Sua família acaba mascarando o crime para evitar
um escândalo.
Ao fugir para a casa de Benjamin
(Mathieu Amalric) -seu meio-irmão homossexual, que mora em
Paris-, Martin conhece Alice,
uma violinista com quem Benjamin divide o apartamento.
Os dois tornam-se amantes e o
crime de Martin vem à tona quando ele descobre que Alice está grávida.
"Martin é uma criança selvagem
em estado bruto. Alice é uma aventureira moderna que experimenta
a vida sem modelos e referências,
mas com muita força. Escrevi esse
papel pensando em Juliette", disse
Téchiné.
O modelo estreante na carreira
de ator Alexis Loret, 23, personagem principal da história, foi recrutado por Téchiné em uma
agência de modelos "por acaso".
"André queria alguém do mundo
da moda, desconhecido. Para dar
mais veracidade ao personagem,
chegamos a filmar em uma verdadeira agência de modelos", disse
Loret à Folha.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Folha - Como você compôs Martin? Você pesquisou adolescentes
parricidas?
Alexis Loret - Não fiz nenhum tipo de pesquisa, mas sei que André
chegou a se encontrar com jovens
parricidas.
Ele me pediu para que visse alguns filmes para me inspirar e
compus Martin pensando principalmente em sua loucura. Tive
apenas um mês para preparar
Martin. Não trabalhei no texto
junto com André, mas almoçamos
juntos várias vezes e ele me dizia o
que queria.
Folha - Alice, no filme, representa
a maturidade e uma real chance de
vida para Martin. Como atriz, Juliette Binoche também representa
a maturidade em relação à sua experiência de trabalho. Como foi
contracenar com ela?
Loret - Foi fácil, pois, até por sua
própria experiência, Juliette é
atenta, paciente e generosa. Ela me
deu todo o apoio necessário, sempre tentando preservar a inocência
de Martin.
Acho que ela representa para ele,
além da maturidade, toda a simbologia relacionada à mulher, inclusive a figura da mãe.
Folha - André Téchiné disse em
uma entrevista que Juliette Binoche se negou a aparecer nua nas
cenas de amor. Como foi contracenar com ela nesses momentos?
Loret - Ela não quis aparecer nua,
mas, em compensação, eu apareço
nu (risos). Eu não sabia dessa condição, ela deve ter negociado isso
com André.
Agora, é verdade que houve um
constrangimento nas cenas mais
fortes, mas Juliette tem energia suficiente para contornar isso sem
grandes problemas.
Folha - Qual a parte do filme que
você considerou mais difícil do
ponto de vista da atuação?
Loret - Não houve nenhuma parte fácil. Para mim, o mais complicado era ter de ficar todo o tempo
em contato com Martin, sem poder esquecê-lo um só minuto.
Também achei difíceis as cenas de
contato físico, de amor. E, claro, as
cenas de loucura de Martin, que
para mim eram completamente
misteriosas.
Folha - Você pretende continuar
na carreira de modelo?
Loret - Eu ainda sou modelo, mas
agora pretendo me dedicar ao máximo à carreira de ator.
"Alice e Martin" é o meu primeiro filme e agora espero ter outras
oportunidades. Comecei minha
carreira de ator por acaso. André
procurava alguém do meio da moda, desconhecido. Então, ele foi até
uma agência de modelos e me escolheu.
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