São Paulo, Terça-feira, 14 de Dezembro de 1999


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MÚSICA
Cantor faz única apresentação hoje no Cavern Club, 40 anos após o último show que realizou no local
McCartney volta ao berço dos Beatles

FÁBIO ZANINI
de Londres

Quase 40 anos depois de ter apresentado ao mundo a beatlemania, o Cavern Club, em Liverpool, volta a fazer história.
Hoje, o clube novamente será palco de um show de Paul McCartney, o primeiro desde que ele, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr deixaram a cidade rumo à consagração mundial, no início dos anos 60.
Será uma única apresentação de McCartney, restrita a cerca de 300 privilegiados.
Os ingressos, gratuitos, foram distribuídos por sorteio entre cerca de 5.000 fãs que depositaram formulários em urnas de uma cadeia de lojas de discos britânica.
Segundo a gerência do Cavern, algumas fãs chegaram a propor relações sexuais em troca de um ingresso. Um norte-americano ofereceu US$ 16 mil por uma entrada (as propostas foram recusadas).
"Há algum tempo Paul tinha a intenção de voltar a tocar no Cavern. Mas ele decidiu esperar pelo final deste ano para fazer um tributo a um século em que tantas coisas boas aconteceram a ele", disse à Folha Geoff Baker, porta-voz do ex-beatle.
O show, segundo Baker, terá cerca de duas horas, nas quais McCartney tocará clássicos do rock, justamente como fazia com os Beatles, no início dos anos 60. Haverá covers de Elvis Presley, Chuck Berry, Buddy Holly, Carl Perkins e algumas das canções do início da carreira do grupo, como "Please, Please Me" e "Love Me Do".
A apresentação chama-se apenas "Paul in the Cavern" (Paul no Cavern), e não há planos de outros shows de McCartney no local futuramente. O ex-beatle deve ainda incluir algumas faixas presentes em seu último trabalho, o CD "Run Devil Run", também dedicado aos "mestres do rock".
Entre 1960 e 1963, os Beatles tocaram mais de 200 vezes no Cavern, quase sempre com a lotação esgotada e com enormes filas na porta.
O clube, localizado próximo às antigas docas da cidade, misturava filhos de operários e adolescentes de classe média ávidos pelas últimas novidades do recente rock norte-americano.
Os shows ocorriam no subsolo, um local escuro e sem ventilação em que a transpiração da platéia, condensada, escorria pelas paredes e onde os ratos abundavam.
"Para uma banda empolgada com o rock como os Beatles, cheia de energia, não havia lugar melhor", afirmou Ray Johnson, um dos atuais sócios do local.
Foi também no Cavern que os Beatles conheceram o jovem empresário Brian Esptein, apontado como o responsável pela divulgação do grupo, primeiro no Reino Unido e, depois, nos EUA.
Desde aquela época, muita coisa mudou no Cavern Club. No final dos anos 60, o clube entrou em decadência, quando Liverpool perdeu o posto de capital do rock britânico para a psicodélica Londres. Em 1973, o Cavern foi demolido para dar lugar a um estacionamento.
Alguns anos mais tarde, Paul McCartney foi um dos líderes de uma campanha pela reconstrução do Cavern, o que acabou ocorrendo em 1982. O clube atual é uma réplica quase perfeita, construída ao lado de onde ficava o original.
Sem os ratos de antigamente, o clube continua a ser palco de shows de bandas locais nos fins-de-semana.
"McCartney sempre teve uma ligação afetuosa muito forte com o Cavern Club, aparece sempre para dar um alô. É realmente incrível que esse show tenha demorado tanto para acontecer", diz Johnson.


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