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MÚSICA
Cantor faz única apresentação hoje no Cavern Club, 40 anos após o último show que realizou no local
McCartney volta ao berço dos Beatles
FÁBIO ZANINI
de Londres
Quase 40 anos depois de ter
apresentado ao mundo a beatlemania, o Cavern Club, em Liverpool, volta a fazer história.
Hoje, o clube novamente será
palco de um show de Paul
McCartney, o primeiro desde que
ele, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr deixaram a cidade rumo à consagração mundial, no início dos anos 60.
Será uma única apresentação de
McCartney, restrita a cerca de 300
privilegiados.
Os ingressos, gratuitos, foram
distribuídos por sorteio entre cerca de 5.000 fãs que depositaram
formulários em urnas de uma cadeia de lojas de discos britânica.
Segundo a gerência do Cavern,
algumas fãs chegaram a propor
relações sexuais em troca de um
ingresso. Um norte-americano
ofereceu US$ 16 mil por uma entrada (as propostas foram recusadas).
"Há algum tempo Paul tinha a
intenção de voltar a tocar no Cavern. Mas ele decidiu esperar pelo
final deste ano para fazer um tributo a um século em que tantas
coisas boas aconteceram a ele",
disse à Folha Geoff Baker, porta-voz do ex-beatle.
O show, segundo Baker, terá
cerca de duas horas, nas quais
McCartney tocará clássicos do
rock, justamente como fazia com
os Beatles, no início dos anos 60.
Haverá covers de Elvis Presley,
Chuck Berry, Buddy Holly, Carl
Perkins e algumas das canções do
início da carreira do grupo, como
"Please, Please Me" e "Love Me
Do".
A apresentação chama-se apenas "Paul in the Cavern" (Paul no
Cavern), e não há planos de outros shows de McCartney no local
futuramente. O ex-beatle deve
ainda incluir algumas faixas presentes em seu último trabalho, o
CD "Run Devil Run", também dedicado aos "mestres do rock".
Entre 1960 e 1963, os Beatles tocaram mais de 200 vezes no Cavern, quase sempre com a lotação
esgotada e com enormes filas na
porta.
O clube, localizado próximo às
antigas docas da cidade, misturava filhos de operários e adolescentes de classe média ávidos pelas
últimas novidades do recente
rock norte-americano.
Os shows ocorriam no subsolo,
um local escuro e sem ventilação
em que a transpiração da platéia,
condensada, escorria pelas paredes e onde os ratos abundavam.
"Para uma banda empolgada
com o rock como os Beatles, cheia
de energia, não havia lugar melhor", afirmou Ray Johnson, um
dos atuais sócios do local.
Foi também no Cavern que os
Beatles conheceram o jovem empresário Brian Esptein, apontado
como o responsável pela divulgação do grupo, primeiro no Reino
Unido e, depois, nos EUA.
Desde aquela época, muita coisa
mudou no Cavern Club. No final
dos anos 60, o clube entrou em
decadência, quando Liverpool
perdeu o posto de capital do rock
britânico para a psicodélica Londres. Em 1973, o Cavern foi demolido para dar lugar a um estacionamento.
Alguns anos mais tarde, Paul
McCartney foi um dos líderes de
uma campanha pela reconstrução
do Cavern, o que acabou ocorrendo em 1982. O clube atual é uma
réplica quase perfeita, construída
ao lado de onde ficava o original.
Sem os ratos de antigamente, o
clube continua a ser palco de
shows de bandas locais nos fins-de-semana.
"McCartney sempre teve uma
ligação afetuosa muito forte com
o Cavern Club, aparece sempre
para dar um alô. É realmente incrível que esse show tenha demorado tanto para acontecer", diz
Johnson.
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