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CINEMA/ESTRÉIA
"CARREGO COMIGO"
Documentário de Chico Teixeira traz 11 pares de irmãos, um trio de irmãs e um duo rompido
Gêmeos servem para discutir identidade
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Carrego Comigo", documentário de Chico Teixeira que estréia
hoje em São Paulo, é sobre as relações entre gêmeos. E não é.
"Na superfície, esse filme fala de
gêmeos, mas, no subterrâneo, é
um questionamento sobre a identidade. Pelo menos era essa a minha inquietação", diz Teixeira,
que atende por Chico, sendo Gustavo. Explica-se: quando garoto,
de tão irrequieto, Gustavo era
chamado de Chico Macaco por
sua mãe. Passaram-se os anos, ficou o prenome. E o cineasta chegou aos 43 sentindo-se herdeiro
de "um problema sério com a
identidade".
Teixeira pensou em transferir
para o cinema sua angústia e viu
na relação entre irmãos gêmeos
uma boa porta de entrada.
A pesquisa prévia para a preparação de "Carrego Comigo" identificou 35 "casos". Desses, Teixeira reteve na edição final 11 pares
de gêmeos, um trio de irmãs e um
exemplo de duo rompido.
A idéia inicial do cineasta era
dedicar o filme a gêmeos famosos.
Assim, estão entre os entrevistados as duplas de cantoras Pepê e
Neném, Celma e Célia e a de cartunistas Paulo e Chico Caruso.
Com o projeto mais tarde ampliado para dar vez também a
"pessoas que não são públicas,
mas muito interessantes", incorporaram-se os irmãos drag
queens Dolly e Dolly, os sacerdotes Henrique e Clemente Kesselmeier e a dupla de contraventores
Eduardo Marcelo e Eduardo Rogério, entre outros.
A participação das trigêmeas no
filme ficou restrita a imagens de
um encontro entre todos os entrevistados. "Fiz uma entrevista pequena com elas, mas, no meio das
filmagens, desisti de usá-la. Se começasse a entrar num caminho
que não era o meu, teria de falar
também de muitas outras coisas."
"Carrego Comigo" introduz
seus personagens em auto-apresentações sucintas e aborda suas
atividades profissionais em referências também breves. A montagem do filme, no entanto, deixou
alheias ao conhecimento do espectador essas informações a respeito do gêmeo desgarrado, que
se aprende pelos créditos finais
ser Fernando di Giorgi.
"Não gosto dos letreiros e não
quis o olhar mais erudito, explicativo dos personagens. Então, eles
se apresentam de forma pulverizada", diz o cineasta.
Os temas comuns abordados
nas entrevistas referem-se a supostos aspectos simbióticos na vida dos gêmeos e aos sentimentos
engendrados pela possibilidade
do afastamento e da perda.
O cineasta desenvolve agora o
roteiro de um filme de ficção ambientado no bairro do Brás, em
São Paulo. "Tenho uma coisa escrita sobre um motorista de táxi e
uma manicure", diz.
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