São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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Livro autobiográfico abre reedição em 22 volumes da obra completa do líder modernista

Memórias sentimentais de Oswald de Andrade

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um microartigo publicado no número 2 da revista "Klaxon", em junho de 80 anos atrás, Oswald de Andrade faz uma defesa curiosa. Como relata Alfredo Bosi, em seu "História Concisa da Literatura Brasileira", "afirma que o "eu instrumento não deve aparecer" na poesia moderna, o que implica a construção formal objetiva pregada pelos futuristas (...)".
A Terra não tinha completado seu giro anual pelo Sol e lá estava Oswald publicando o romance "Memórias Sentimentais de João Miramar", transbordando de "eu" a literatura brasileira. E assim foi, até o final.
Pois é com o último, e mais "eu" de seus muitos trabalhos, que Oswald começa a voltar com tudo -e mais um pouco- às livrarias de todo o país. Na próxima semana elas começam a receber uma nova edição de "Um Homem sem Profissão", as memórias mais do que sentimentais do antropófago-mor. Último livro publicado em vida pelo autor, o trabalho é o primeiro dos 22 volumes que a editora Globo vai relançar do escritor.
Supervisionada pelo professor da USP Jorge Schwartz, oswaldiano de longa data, a "rentré" tem novo projeto gráfico, textos revisados e estabelecidos e, mimo maior, inéditos.
"Um Homem sem Profissão", que nesta edição volta a ter o seu subtítulo completo original, "Memórias e Confissões - Sob as Ordens de Mamãe", traz cinco textos nunca publicados.
O quinteto de inéditos ajuda a emoldurar o jorro que o já veterano Oswald, 64, coloca no papel nas memórias, seguindo conselho de um jovem crítico que o visitara. "Antonio Candido diz que uma literatura só adquire maioridade com memórias, cartas e documentos pessoais e me fez jurar que tentarei escrever já este diário confessional. Pois, se é preciso começar, comecemos pelo começo", escreve Oswald no livro.


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