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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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TV ABERTA

"Minha Querida Dama" é versão sutil para Broadway

Missão Impossível
Globo, 13h.

(Mission: Impossible). EUA, 96, 110 min. Direção: Brian De Palma. Com Tom Cruise, Jon Voight. Adaptação da clássica série de TV dos anos 60. Cruise é o agente que tenta descobrir o que afinal saiu errado (e por que) numa missão. De Palma nos conduz por um labirinto, ou melhor: parte de um princípio comercialíssimo e joga o espectador de hoje, este ser mimadíssimo, no meio do fogo. De encomenda, mas mais que ok.

Shadrach
Record, 18h45.

EUA, 98, 85 min. Direção: Susanna Styron. Com Harvey Keitel, Andie MacDowell. Estréia de Styron na direção, com uma história ambientada na era da Depressão, ou seja: há empobrecimento, crise, ilegalidade e, inclusive, um Harvey Keitel que se dedica ao tráfico ilegal de bebida. Estamos na Virginia, Sul dos EUA e, no meio disso tudo, aparece a figura central de Shadrach, ex-escravo, de 99 anos, disposto a morrer ali mesmo onde nasceu, e topando com variadas manifestações de racismo. Vale tentar.

O Profissional
Bandeirantes, 20h30.

(The Professional). EUA/ França, 94, 109 min. Direção: Luc Besson. Com Jean Reno, Gary Oldman. Garota escapa de um massacre promovido por policiais corruptos (Oldman à frente) e se torna protegida de Jean Reno, um imigrante que trabalha para a Máfia. Policial francês com sotaque americano ou vice-versa? Besson é um homem do mundo. Mas de um mundo meio vazio e cheio de penduricalhos.

A Corrente do Bem
SBT, 22h.

(Pay It Forward). EUA, 2000, 123 min. Direção: Mimi Leder. Com Kevin Spacey, Helen Hunt. Professor propõe a seus alunos, como todos os anos, o desafio de criar algo novo capaz de melhorar o mundo. Um aluno topa a parada e cria uma espécie de corrente em que os participantes, em vez de aspirarem a fortunas, querem apenas fazer o bem a outras pessoas. Inédito.

Minha Querida Dama
Bandeirantes, 0h.

(My Fair Lady). EUA, 64, 170 min. Direção: George Cukor. Com Audrey Hepburn, Rex Harrison. Harrison é o professor decidido a transformar a florista Hepburn em uma dama. Nos cinemas, numa época em que o Brasil tinha alguma auto-estima, o filme chamou-se "Minha Bela Dama". Em todo caso, o importante é que Cukor realiza uma versão sutil, elegante e eficiente da célebre peça da Broadway. Grande musical. (IA)

TV PAGA

Moralismo e mau gosto duelam em "Moulin Rouge"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Moulin Rouge - O Amor em Vermelho" é um desses filmes do tipo "ame-o ou deixe-o". É pegar ou largar. E, pessoalmente, tudo me diz para largar, a começar pela versão atrapalhada de "Romeu e Julieta" que o mesmo diretor, Baz Luhrmann, realizara anos antes.
"Moulin Rouge" é um musical em que a atualização temporal é bem estranha. Estamos na "belle époque", e isso é o que nos dizem os trajes dos personagens, e certos personagens (Toulouse Lautrec, o pintor, para começar). Mas estamos na virada do século seguinte, a julgar pela música e pela decoração.
Pela intriga, estamos no cinema americano dos anos 30, pois ali um jovem e pobre poeta vai ao célebre cabaré e se apaixona por uma dançarina, o que deixa furioso o protetor da garota.
Não há porque se espantar com a mistura -o cinema é pródigo em misturanças do estilo. Mas duas coisas chamam a atenção: o incrível mau gosto da direção de arte e o moralismo que reveste toda a intriga. O mau gosto é imperdoável no gênero -o musical-, especialmente quando se investe na extravagância.
O moralismo da intriga poderia ser creditado ao ar do tempo. Vivemos, no cinema americano, mas não só nele, numa espécie de esquizofrenia comportamental, em que ninguém sabe se procura uma vida desenfreada e cheia de parceiros sexuais ou se busca o par ideal para união monogâmica e eterna.
O filme oscila entre permissividade e romantismo, mas seu destino final é ser um "anti-Cabaré": em vez de libertário, acanhado; em vez de mexer nas questões do seu tempo, contorna-as. Há os que devem apreciá-lo, aliás, justamente por isso.


MOULIN ROUGE - O AMOR EM VERMELHO. Quando: hoje, às 22h, no Fox.


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