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TV PAGA
Documentário sobre Schiavo limita debate
LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO
Não é preciso muito conhecimento sobre jornalismo ou TV
para perceber que a morte da
americana Terri Schiavo (1963-2005), que trouxe de volta à mídia
a delicada questão da eutanásia,
rende um bom documentário.
Schiavo (que nos EUA se pronuncia "Chaivo") teve o tubo de
alimentação que a manteve viva
por 15 anos desligado em 18 de
março último, após a constatação
de que o estado vegetativo persistente em que mergulhou era irreversível. Morreu de inanição 12
dias depois -não sem antes gerar uma batalha judicial entre
seus pais e seu marido, um debate
que envolveu o Vaticano, a Casa
Branca, o Congresso e a Suprema
Corte americana e um sem-número de horas e páginas de noticiário nos EUA e no mundo.
Mas "Viver... E Deixar Morrer",
que o GNT exibe na tarde de hoje,
deixa essa oportunidade escapar.
Bem-intencionado, mas de execução precária, o programa co-produzido pelo Centro de Ética
na Saúde da Universidade de St.
Louis se limita a enfileirar argumentos vagos de especialistas em
legislação e teologia, de dois médicos e dos advogados de ambos
os lados, mais uma dose cavalar
das imagens de Terri na cama onde viveu desde que um colapso
danificou seu cérebro em 1990.
Falha, no entanto, em contestar
ou dar bases para qualquer dos
argumentos, transformando-os,
sobretudo pela maneira como são
mecanicamente contrapostos, em
especulações tediosas que nunca
deixam o campo do "achismo".
Pior, perde a chance de dar voz
ao principal personagem do caso
(pois Terri não respondia por si).
Michael Schiavo, o marido, não
aparece, o que faz sua argumentação soar inumana. Só seu advogado fala. Em contrapartida, Bob e
Mary Schindler, os pais, desfiam
longamente sua descrença no fato
de que Terri jamais voltaria a agir
racionalmente ou a interagir com
o mundo voluntariamente. Coisa
que a autópsia, cujo resultado é
omitido no programa, atestou.
Viver... E deixar morrer - A História de Terri Schiavo
Quando: hoje, às 12h30, no GNT
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