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Coletânea redescobre o suingue da cantora Claudette Soares
CD reúne gravações feitas entre 67 e 71 de Gil, Caetano e Chico, entre outros
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Cinco das 28 faixas do CD duplo "A Bossa Sexy de Claudette
Soares" são do LP "Feitinha
pro Sucesso ou Quem Não É a
Maior Tem que Ser a Melhor",
de 1969. O título resume características da cantora: humor,
consciência do talento e vocação para ser uma das grandes
-apesar de baixinha.
Aos 69 anos, Claudette não
tem hoje a projeção que já teve
e que merece. A compilação organizada pelo pesquisador Rodrigo Faour alivia um pouco
dessa injustiça ao reunir gravações de um ótimo período da
cantora. Entre 1967 e 71, ela,
que já tinha sido "princesinha
do baião" e uma das primeiras
intérpretes da bossa nova, ousou em gravações extremamente balançadas.
E ainda contou, em 68, com o
ultramoderno arranjador Rogério Duprat no disco "Gil, Chico e Veloso por Claudette",
uma aposta em três novos compositores que assustou a Philips (hoje Universal).
"Foi o meu "Tropicália'", diz,
referindo-se ao LP-manifesto
do tropicalismo, lançado no
mesmo ano. "Eu estava acompanhando tudo o que acontecia, mas adaptava para mim.
O
que sempre me interessou foram músicas e músicos de qualidade. Nunca tive noção de ser
pioneira", conta ela.
De Chico, estão na coletânea
uma versão bem suingada de
"Januária", entre outras. De
Caetano, "Superbacana" -com
citação de "Alegria, Alegria"- e
"Clara", com participação de
Gil, autor de "Frevo Rasgado".
Claudette, que lançou Gonzaguinha e outros, foi uma das
primeiras a gravar Tim Maia: "I
Don't Care (Não Quero Saber)", com aquela mistura típica de romantismo e soul, está
no primeiro dos CDs. E com o
ainda Jorge Ben a cantora mostra um completo entrosamento, enchendo de bossa e agilidade canções como "Se Você Quiser, Mas sem Bronquear", "Carolina, Carol Bela".
A coletânea termina com
duas da grife Roberto & Erasmo: "Não Quero Ver Você Tão
Triste" e "De Tanto Amor", esta
até hoje o maior sucesso de
Claudette. Roberto deu a ela
outras músicas, como "Você", e
foi seu padrinho de casamento.
"É um amigo à distância, que
sabe a sua necessidade de onde
ele está", diz ela, que viu muitos
narizes da bossa nova torcidos
porque gravou Roberto. "Depois todo mundo começou a
chamá-lo de Rei. Eu, assim como Elis, nunca quis me prender
a um banquinho e um violão."
Versões de Caymmi e Luiz
Gonzaga também estão nos
CDs, que podem surpreender
os que não conhecem Claudette. Para ela, é um novo horizonte que se abre. "Não se deve ter
desejo de vingança, mas, se for
para ter, a maior vingança é estar viva para contar a própria
história. Estou adorando ser
uma sessentona sexy e quero
incluir essas músicas nos meus
shows, que acabaram ficando
mais românticos" planeja
Claudette, que se orgulha muito da carreira que construiu.
A BOSSA SEXY DE CLAUDETTE SOARES
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 35, em média
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