São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Coletânea redescobre o suingue da cantora Claudette Soares

CD reúne gravações feitas entre 67 e 71 de Gil, Caetano e Chico, entre outros

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Cinco das 28 faixas do CD duplo "A Bossa Sexy de Claudette Soares" são do LP "Feitinha pro Sucesso ou Quem Não É a Maior Tem que Ser a Melhor", de 1969. O título resume características da cantora: humor, consciência do talento e vocação para ser uma das grandes -apesar de baixinha.
Aos 69 anos, Claudette não tem hoje a projeção que já teve e que merece. A compilação organizada pelo pesquisador Rodrigo Faour alivia um pouco dessa injustiça ao reunir gravações de um ótimo período da cantora. Entre 1967 e 71, ela, que já tinha sido "princesinha do baião" e uma das primeiras intérpretes da bossa nova, ousou em gravações extremamente balançadas.
E ainda contou, em 68, com o ultramoderno arranjador Rogério Duprat no disco "Gil, Chico e Veloso por Claudette", uma aposta em três novos compositores que assustou a Philips (hoje Universal).
"Foi o meu "Tropicália'", diz, referindo-se ao LP-manifesto do tropicalismo, lançado no mesmo ano. "Eu estava acompanhando tudo o que acontecia, mas adaptava para mim.
O que sempre me interessou foram músicas e músicos de qualidade. Nunca tive noção de ser pioneira", conta ela. De Chico, estão na coletânea uma versão bem suingada de "Januária", entre outras. De Caetano, "Superbacana" -com citação de "Alegria, Alegria"- e "Clara", com participação de Gil, autor de "Frevo Rasgado".
Claudette, que lançou Gonzaguinha e outros, foi uma das primeiras a gravar Tim Maia: "I Don't Care (Não Quero Saber)", com aquela mistura típica de romantismo e soul, está no primeiro dos CDs. E com o ainda Jorge Ben a cantora mostra um completo entrosamento, enchendo de bossa e agilidade canções como "Se Você Quiser, Mas sem Bronquear", "Carolina, Carol Bela".
A coletânea termina com duas da grife Roberto & Erasmo: "Não Quero Ver Você Tão Triste" e "De Tanto Amor", esta até hoje o maior sucesso de Claudette. Roberto deu a ela outras músicas, como "Você", e foi seu padrinho de casamento.
"É um amigo à distância, que sabe a sua necessidade de onde ele está", diz ela, que viu muitos narizes da bossa nova torcidos porque gravou Roberto. "Depois todo mundo começou a chamá-lo de Rei. Eu, assim como Elis, nunca quis me prender a um banquinho e um violão."
Versões de Caymmi e Luiz Gonzaga também estão nos CDs, que podem surpreender os que não conhecem Claudette. Para ela, é um novo horizonte que se abre. "Não se deve ter desejo de vingança, mas, se for para ter, a maior vingança é estar viva para contar a própria história. Estou adorando ser uma sessentona sexy e quero incluir essas músicas nos meus shows, que acabaram ficando mais românticos" planeja Claudette, que se orgulha muito da carreira que construiu.


A BOSSA SEXY DE CLAUDETTE SOARES     
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 35, em média


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