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Chef transforma cozinha em inferno
GNT estréia 2ª temporada do "reality" "Hell's Kitchen" no qual apresentador humilha cozinheiros aprendizes
BRUNO SEGADILHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você acha seu emprego estressante, pense que alguns
ambientes podem se tornar um
verdadeiro inferno. O nome do
diabo? Gordon Ramsay, um dos
maiores chefs da Inglaterra, famoso pelo seu temperamento
explosivo e pelas humilhações
que profere a seus discípulos na
cozinha de seus restaurantes.
O purgatório? A "Hell"s Kitchen", cozinha do infernal
"reality show" de mesmo nome, que entra na sua segunda
temporada a partir de hoje, no
canal pago GNT, ás 22h30.
No programa, 12 participantes de diferentes idades e profissões disputam a chance de
abrir seu próprio espaço culinário e, para tanto, devem cumprir a rotina de uma cozinha de
restaurante sempre supervisionados pelo irritado Ramsay.
Já no primeiro episódio na
nova temporada, o chef dá uma
mostra de que seu discurso deve se tornar ainda mais agressivo e virulento do que na edição
passada. Assim que chegam à
cozinha do Hell's Kitchen, restaurante inaugurado em Hollywood especialmente para o
"reality show", Ramsay pede
que os participantes preparem
uma prato, em meia hora, com
os ingredientes de que dispuserem, para posterior apreciação.
"Parece vômito de criança",
diz, cuspindo a comida preparada por um dos aspirantes, na
avaliação mais delicada do dia.
A outro, pede que estenda o boné para usar de lixeira.
Cozinhas de verdade
Nas cozinhas "de verdade", o
clima de vez em quando também esquenta, contam chefs de
restaurantes badalados entrevistados pela Folha.
"Tudo é relativo. No começo,
eu achava o ambiente agressivo. No final, vi que, para a coisa
andar, o chef tem que ser mais
duro. Para conseguir o resultado que ele quer atingir, tem que
ser desse jeito. Se o chef aceita
menos que isso, não chega à
perfeição", diz Renato Ades,
dono do Ici Bistrô, que acredita
que uma certa dose de agressividade é necessária para o bom
funcionamento de qualquer
restaurante.
Flávia Quaresma, chef do Carême Bistrô concorda com a
idéia, mas afirma tentar se controlar para não passar da medida. "É preciso ter liderança,
mas sem humilhações, não
acho que isso seja produtivo.
Não sei também até que ponto
o programa exagera", diz.
Para o chef do Sallvattore,
Hamillton Mellão, o programa
reproduz fielmente o ambiente
de algumas cozinhas, regidas
por gênios temperamentais.
"Já vi um chef famoso espetando a perna dos funcionários
com um garfo e jogando panelas em cima deles. Acho que
não é assim que se ganha respeito. O cliente com um mínimo de sensibilidade vai sentir
essa energia na comida", afirma Mellão, que acha que tal
comportamento é no fundo,
um sinal de fraqueza. "Insegurança de quem não sabe ensinar nem liderar. Aí, no desespero, acabam gritando", diz.
O temperamento explosivo
do chef escocês parece não ter
assustado o público do canal.
Segundo dados fornecidos pelo
Ibope Telereport, a série ocupa
o terceiro lugar no ranking dos
programas mais assistidos do
canal no horário nobre. Em outubro, o "reality show" foi assistido por pouco mais de meio
milhão de pessoas. Ao que tudo
indica, maldade e sadismo
"bombam" no ibope.
Colaborou GABRIELA LONGMAN, da Reportagem Local
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