São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Chef transforma cozinha em inferno

GNT estréia 2ª temporada do "reality" "Hell's Kitchen" no qual apresentador humilha cozinheiros aprendizes

BRUNO SEGADILHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você acha seu emprego estressante, pense que alguns ambientes podem se tornar um verdadeiro inferno. O nome do diabo? Gordon Ramsay, um dos maiores chefs da Inglaterra, famoso pelo seu temperamento explosivo e pelas humilhações que profere a seus discípulos na cozinha de seus restaurantes.
O purgatório? A "Hell"s Kitchen", cozinha do infernal "reality show" de mesmo nome, que entra na sua segunda temporada a partir de hoje, no canal pago GNT, ás 22h30.
No programa, 12 participantes de diferentes idades e profissões disputam a chance de abrir seu próprio espaço culinário e, para tanto, devem cumprir a rotina de uma cozinha de restaurante sempre supervisionados pelo irritado Ramsay.
Já no primeiro episódio na nova temporada, o chef dá uma mostra de que seu discurso deve se tornar ainda mais agressivo e virulento do que na edição passada. Assim que chegam à cozinha do Hell's Kitchen, restaurante inaugurado em Hollywood especialmente para o "reality show", Ramsay pede que os participantes preparem uma prato, em meia hora, com os ingredientes de que dispuserem, para posterior apreciação.
"Parece vômito de criança", diz, cuspindo a comida preparada por um dos aspirantes, na avaliação mais delicada do dia. A outro, pede que estenda o boné para usar de lixeira.

Cozinhas de verdade
Nas cozinhas "de verdade", o clima de vez em quando também esquenta, contam chefs de restaurantes badalados entrevistados pela Folha. "Tudo é relativo. No começo, eu achava o ambiente agressivo. No final, vi que, para a coisa andar, o chef tem que ser mais duro. Para conseguir o resultado que ele quer atingir, tem que ser desse jeito. Se o chef aceita menos que isso, não chega à perfeição", diz Renato Ades, dono do Ici Bistrô, que acredita que uma certa dose de agressividade é necessária para o bom funcionamento de qualquer restaurante.
Flávia Quaresma, chef do Carême Bistrô concorda com a idéia, mas afirma tentar se controlar para não passar da medida. "É preciso ter liderança, mas sem humilhações, não acho que isso seja produtivo. Não sei também até que ponto o programa exagera", diz.
Para o chef do Sallvattore, Hamillton Mellão, o programa reproduz fielmente o ambiente de algumas cozinhas, regidas por gênios temperamentais. "Já vi um chef famoso espetando a perna dos funcionários com um garfo e jogando panelas em cima deles. Acho que não é assim que se ganha respeito. O cliente com um mínimo de sensibilidade vai sentir essa energia na comida", afirma Mellão, que acha que tal comportamento é no fundo, um sinal de fraqueza. "Insegurança de quem não sabe ensinar nem liderar. Aí, no desespero, acabam gritando", diz.
O temperamento explosivo do chef escocês parece não ter assustado o público do canal. Segundo dados fornecidos pelo Ibope Telereport, a série ocupa o terceiro lugar no ranking dos programas mais assistidos do canal no horário nobre. Em outubro, o "reality show" foi assistido por pouco mais de meio milhão de pessoas. Ao que tudo indica, maldade e sadismo "bombam" no ibope.


Colaborou GABRIELA LONGMAN, da Reportagem Local

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