São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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CINEMA
"The Limey", "Garotos Não Choram" e "Eleição" lideram corrida ao "Oscar" independente
Lynch e Soderbergh são favoritos indies

AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas

O nostálgico policial "The Limey", de Steven Soderbergh, o drama "Garotos Não Choram", de Kimberly Peirce, e a comédia adolescente "Eleição", de Alexander Payne, lideram, com cinco indicações cada, a corrida ao Prêmio do Espírito Independente, concedido anualmente nos EUA pelo Independent Feature Project (IDF).
Em sua 15ª edição, o "Oscar" dos independentes será entregue, neste ano, no dia 25 de março, um dia antes do verdadeiro Oscar, coordenado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
"The Limey", que aqui poderia ser entitulado "O Inglês", confronta dois ícones do cinema dos anos 60. Terence Stamp ("Teorema") sai da prisão disposto a vingar a morte da filha. O último namorado dela, um produtor musical vivido por Peter Fonda ("Sem Destino"), é o alvo.
Com esse policial de personagens, Soderbergh reencontra o sucesso na seara independente que o projetou há uma década com "Sexo, Mentiras e Videotape". Concorre nas categorias de melhor filme, diretor, roteiro (Lem Dobbs), ator (Stamp) e ator coadjuvante (Luis Guzman).
Por sua vez, "Garotos Não Choram", filme de estréia de Kimberly Peirce, remete imediatamente ao brasileiro "Vera" (1986), de Sérgio Toledo.
Ambos tratam da crise da identidade sexual de belas e jovens garotas.
Vera revelou Ana Beatriz Nogueira, melhor atriz em Berlim-87 e um talento subutilizado desde então. Brandon Teena consagra agora Hilary Swank, cujo principal papel anterior havia sido substituir Ralph Maschio em "Karate Kid 4".
Assim como Nogueira, Swank é do balacobaco. Compõe com sutileza e dignidade, para muito além dos estereótipos, o desafiador personagem de uma jovem que se faz passar por rapaz.
Swank já venceu três prêmios de melhor atriz de associações americanas de críticos (Boston, Los Angeles e Nova York). Foi indicada ao Globo de Ouro. Só um escândalo a impedirá de concorrer ao Oscar.
"Garotos Não Choram" concorre a melhor primeiro filme com orçamento superior a US$ 500 mil, melhor roteiro de estreante (Peirce e Andy Bienen), atriz, atriz coadjuvante (a extraordinária Chloe Sevigny) e produtor (Eva Kolodner, indicada ainda por "Hide and Seek").
Já "Eleição" extrai humor trabalhando em ambiente colegial os métodos americanos de política. Vai disputar os prêmios de melhor filme, diretor (Payne), roteiro (Payne e Jim Taylor), atriz (Reese Witherspoon) e atriz estreante (Jessica Campbell).
Além de "Limey" e "Eleição", a lista de concorrentes a melhor filme inclui "A História de Straight", de David Lynch, "A Fortuna de Cookie", de Robert Altman, e "Sugar Town" (Cidade de Açúcar), de Allison Anders e Kurt Voss. Entre os cinco, o favoritismo balança entre Soderbergh e Lynch.
Mestre do thriller barroco ("Twin Peaks"), Lynch reinventa a si próprio em "A História de Straight". Narrado de forma simples e direta, "Straight" é uma odisséia pelo interior dos EUA e pelo universo dos idosos.
O enredo verídico foi apresentado ao cineasta por sua companheira, a roteirista Mary Sweeney. Um velho fazendeiro corta os EUA de trator para reencontrar o irmão adoentado. Richard Farnsworth, coadjuvante de John Ford e outros menos dotados, tem aqui o solo de sua carreira. É candidatíssimo, aqui e ao Oscar.


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