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Sundance destaca Holocausto gay
da Equipe de Articulistas
Dos 17 documentários em competição no próximo Sundance
Festival (de 20 a 30 de janeiro),
um parece nascer clássico: "Paragraph 175". O tema é a perseguição aos homossexuais durante o
regime nazista (1933-45).
Um dos capítulos menos estudados da homofobia no século 20
chega agora às telas graças, mais
uma vez, à dupla formada por Robert Epstein e Jeffrey Friedman. A
eles já devíamos o delicioso "O
Outro Lado de Hollywood" (95),
sobre o homossexualismo na indústria do cinema, e o contundente retrato de vítimas da Aids,
"Caminhos Cruzados" (88), vencedor do Oscar de documentário.
"Paragraph 175" participou do
mercado do último festival de
Amsterdã com o título mais poderoso de "Pink Triangle" (Triângulo Rosa). Era esse o símbolo para homossexuais nos campos de
concentração nazistas, o equivalente à estrela amarela usada pelos judeus.
Num célebre ensaio de 1981, em
plena ascensão do reacionarismo
à Reagan nos EUA, Gore Vidal
enfatizou a premência de recordar também o massacre dos
"amantes de pessoas do mesmo
sexo" pela fúria hitleriana. Vidal
lembra um debate sobre o assunto entre o escritor Christopher Isherwood ("Adeus a Berlim") e
um jovem produtor judeu cujo
nome não revela.
Isherwood chama o interlocutor de "corretor de imóveis" ao
vê-lo contrapor, à cifra de "600
mil homossexuais" que teriam sido mortos por Hitler, a estimativa
de 6 milhões de judeus mortos pelo Holocausto. "Paragraph 175"
empresta fortes imagens à cruzada de Vidal, sem ceder aos exageros de Isherwood.
O novo título refere-se à lei alemã, vigente de 1871 ao fim dos
anos 60, que proibia o "ato inatural cometido por homens e com
animais". Em junho de 1935, as
sanções legais atingiram também
às lésbicas.
Baseados nas pesquisas do historiador Klaus Muller, Epstein e
Friedman falam em 100 mil presos, até 20 mil dos quais em campos de concentração. Dois terços
não sobreviveram.
Meia dúzia dos ainda vivos dão
tocantes depoimentos. Vários
choram ao lembrar dos amores
assassinados e dos estupros brutais. A denúncia do nazismo não
estaria completa sem esse filme.
(AL)
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