São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 2005

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Em "The Broker", John Grisham leva o thriller ao mundo político

ALAN M. DERSHOWITZ
DO "NEW YORK TIMES"

Há riscos em desenvolver um thriller policial "tirado das manchetes de jornal", especialmente quando é um livro escrito às vésperas de uma eleição presidencial e publicado logo após sua conclusão. John Grisham, mestre da ficção passada nos tribunais, começa "The Broker" (O Intermediário), uma intriga política hi-tech, com uma tentativa frustrada de reeleição de um presidente que "dificilmente lia alguma coisa (...) E que não raro se confundia lendo seus próprios discursos".
Se isso tudo soa familiar para os eleitores de John Kerry, o autor esclarece em uma nota que "tudo não passa de ficção, pessoal". O anti-herói dessa trama é um antigo rei do lobby do Congresso norte-americano que cumpre uma longa pena por tentar intermediar um contrato bilionário que envolve um software conectado a um satélite de vigilância.
Quem colocou o satélite no espaço ou quem estava tentando comprar o software nós não sabemos -pelo menos ainda não. O diretor da CIA realiza então uma manobra para que "o intermediário" seja perdoado pelo fracassado presidente a fim de servir como "isca" em uma operação. O plano do serviço de inteligência é descobrir qual país tentará matar o intermediário. A CIA desconfia dos suspeitos de sempre: chineses, israelenses, sauditas, russos.
"The Broker" não tem advogados, juízes, jurados, nenhuma ação passada em um tribunal. Alguns leitores vão sentir falta do Grisham tradicional, apesar de não faltar elementos presentes em seus livros anteriores: o anti-herói, traição, armas, perseguições, uma história de amor inusual. Mas o ponto central são os meios avançados de comunicação pela internet e o satélite hi-tech.
Thrillers políticos são mais difíceis de escrever do que thrillers de tribunais. Comparado com os melhores autores do primeiro gênero, os personagens políticos de Grisham são estereótipos previsíveis que não são de carne e osso. Se você procura um grande thriller político, o melhor é buscar com quem conhece o caminho.


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