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Público corta cinema e show
DA REPORTAGEM LOCAL
Para quem cinema e música são
artigos de primeira necessidade, o
aumento no valor dos ingressos
se refletiu no bolso e acarretou
mudança de comportamento.
"O preço do cinema foi subindo
aos poucos. O justo seria R$ 10,
mas hoje se você vai em duas pessoas acaba gastando R$ 40", diz
Lucía Piriz, 32, diretora de arte.
Para conciliar o orçamento com
a vasta programação cinematográfica paulistana, Piriz passou a
fazer escolhas. "Se há cinco filmes
legais em cartaz, assisto a dois, e
os outros três espero para ver no
DVD", conta. "Há cinco anos, assistia até a filmes que não me interessavam muito."
Assídua também no circuito
musical, a diretora de arte teve
que abdicar de alguns shows. "O
ingresso subiram muito no ano
passado. Deixei de ver o Moby
porque sabia que o Iggy Pop vinha no fim do ano e seria inviável
ir aos dois eventos. Preferi o [festival] Claro que É Rock também
porque poderia ver outros
shows."
Mesmo com carteirinha de estudante, o arquiteto Tiago Guimarães, 25, foi outro que deixou
de comparecer à apresentação de
Moby, que tocou em São Paulo
em setembro passado, por R$ 140
(no Espaço das Américas) e R$
300 (no hotel Unique).
"Parece que os preços são calculados como se todos fossem estudantes. Acho que isso estimula as
pessoas a tirarem carteirinha de
forma ilegal", opina Guimarães.
Ele tinha direito à carteira de estudante por estar, na época, matriculado em um curso de extensão.
Já o advogado João, 25, que prefere não revelar o sobrenome, usa
um documento falso, renovado
desde que se formou na faculdade, há três anos. "Tenho um amigo que faz no computador para
toda a turma", conta.
A publicitária Lígia Ishida, 22,
cuja carteira de estudante expira
em março próximo, prevê que as
idas semanais ao cinema serão
comprometidas sem o desconto.
"Certamente vou ter que diminuir a freqüência", afirma.
"Para o show do U2, que custa
R$ 180, pensaria duas vezes antes
de ir caso estivesse sem a carteirinha", diz a publicitária.
"O preço do ingresso de cinema
aumentou bastante. Antes pagava
R$ 11, no último ano passou para
R$ 16, R$ 17", afirma a psicanalista Iara Czeresnia, 44. Mãe de quatro filhos (de oito, 14, 15 e 18 anos),
ela não deixou de freqüentar o cinema com a família, mas passou a
ficar atenta às salas e às sessões
com descontos mais vantajosos.
"Procuro ir sempre ao Frei Caneca porque sou correntista de
um banco que me dá desconto de
50%. E em algumas sessões, eles
[os filhos] pagam meia da meia",
afirma.
"Mas se por acaso eu for com os
quatro em um sábado no Pátio
Higienópolis, por exemplo, gasto
facilmente R$ 60 só de ingresso.
Fora a pipoca, o refrigerante, o
pão de queijo, que dentro da sala
custam um absurdo", compara
Czeresnia. (TN)
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