São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 2006

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Público corta cinema e show

DA REPORTAGEM LOCAL

Para quem cinema e música são artigos de primeira necessidade, o aumento no valor dos ingressos se refletiu no bolso e acarretou mudança de comportamento.
"O preço do cinema foi subindo aos poucos. O justo seria R$ 10, mas hoje se você vai em duas pessoas acaba gastando R$ 40", diz Lucía Piriz, 32, diretora de arte.
Para conciliar o orçamento com a vasta programação cinematográfica paulistana, Piriz passou a fazer escolhas. "Se há cinco filmes legais em cartaz, assisto a dois, e os outros três espero para ver no DVD", conta. "Há cinco anos, assistia até a filmes que não me interessavam muito."
Assídua também no circuito musical, a diretora de arte teve que abdicar de alguns shows. "O ingresso subiram muito no ano passado. Deixei de ver o Moby porque sabia que o Iggy Pop vinha no fim do ano e seria inviável ir aos dois eventos. Preferi o [festival] Claro que É Rock também porque poderia ver outros shows."
Mesmo com carteirinha de estudante, o arquiteto Tiago Guimarães, 25, foi outro que deixou de comparecer à apresentação de Moby, que tocou em São Paulo em setembro passado, por R$ 140 (no Espaço das Américas) e R$ 300 (no hotel Unique).
"Parece que os preços são calculados como se todos fossem estudantes. Acho que isso estimula as pessoas a tirarem carteirinha de forma ilegal", opina Guimarães. Ele tinha direito à carteira de estudante por estar, na época, matriculado em um curso de extensão.
Já o advogado João, 25, que prefere não revelar o sobrenome, usa um documento falso, renovado desde que se formou na faculdade, há três anos. "Tenho um amigo que faz no computador para toda a turma", conta.
A publicitária Lígia Ishida, 22, cuja carteira de estudante expira em março próximo, prevê que as idas semanais ao cinema serão comprometidas sem o desconto. "Certamente vou ter que diminuir a freqüência", afirma.
"Para o show do U2, que custa R$ 180, pensaria duas vezes antes de ir caso estivesse sem a carteirinha", diz a publicitária.
"O preço do ingresso de cinema aumentou bastante. Antes pagava R$ 11, no último ano passou para R$ 16, R$ 17", afirma a psicanalista Iara Czeresnia, 44. Mãe de quatro filhos (de oito, 14, 15 e 18 anos), ela não deixou de freqüentar o cinema com a família, mas passou a ficar atenta às salas e às sessões com descontos mais vantajosos.
"Procuro ir sempre ao Frei Caneca porque sou correntista de um banco que me dá desconto de 50%. E em algumas sessões, eles [os filhos] pagam meia da meia", afirma.
"Mas se por acaso eu for com os quatro em um sábado no Pátio Higienópolis, por exemplo, gasto facilmente R$ 60 só de ingresso. Fora a pipoca, o refrigerante, o pão de queijo, que dentro da sala custam um absurdo", compara Czeresnia. (TN)

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