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PERFIL
Teórico via feudalismo no Brasil
da Redação
Nelson Werneck Sodré (1911-1999) foi um dos mais influentes
historiadores brasileiros até o Movimento Militar de 1964. Filiado ao
PCB (Partido Comunista Brasileiro), teve sua carreira no Exército
truncada por seus superiores: sempre preterido nas promoções, acabou pedindo passagem para a reserva no governo de João Goulart.
Destacou-se, porém, por sua atividade teórica no Iseb (Instituto
Superior de Estudos Brasileiros),
onde trabalhou de 1956 até 1964,
quando o instituto foi fechado.
Nesse período, publicou alguns
de seus principais trabalhos: "Introdução à Revolução Brasileira"
(1958) e "Formação Histórica do
Brasil" (1962).
Nessas obras, Sodré sustentou a
tese de que a história do país foi
marcada pela predominância das
relações de produção feudais.
Segundo ele, essas relações pré-capitalistas ainda dominavam vastas áreas do interior, bloqueando o
desenvolvimento nacional.
Com base nesse diagnóstico, ele
conseguiu fundamentar teoricamente a estratégia política do PCB,
que propunha uma aliança da classe trabalhadora com a burguesia
nacional e o campesinato.
Os inimigos fundamentais do
proletariado seriam, desse ponto
de vista, o latifúndio feudal (que
bloqueava a expansão do capitalismo) e o imperialismo.
Ele concluía daí que a revolução
brasileira deveria ser, em sua primeira etapa, nacional e democrática (antiimperialista e antifeudal).
Só depois dela é que se passaria à
revolução socialista. Nessa primeira etapa, o partido deveria lutar para implantar as reformas de base,
das quais a principal era justamente a reforma agrária.
Em 1964, contudo, a "burguesia
nacional", supostamente adversária dos proprietários "feudais" e do
capital estrangeiro, aliou-se a eles
para reprimir os sindicatos e as organizações de esquerda. Depois
disso, a teoria sobre o passado feudal do Brasil caiu em desgraça.
Esquecimento
A obra de Nelson Werneck Sodré foi então relegada ao esquecimento. Mas, a despeito de suas falhas, contém análises penetrantes
sobre a realidade nacional. Ele foi
capaz, por exemplo, de antecipar o
processo de abertura política.
Logo no início de 1973, Sodré escreveu um artigo analisando os
pronunciamentos dos generais de
Exército feitos no ano anterior.
Demonstrou que a corrente "legalista" havia se tornado dominante: os discursos políticos tinham desaparecido. Em função
disso, ele concluiu que um processo de transição para a democracia
estava começando.
Estava certo: em 1972, o grupo ligado aos irmãos Orlando e Ernesto
Geisel conseguira obter a maioria
no Alto Comando do Exército, suplantando a "linha-dura". Ernesto
Geisel foi escolhido candidato a
presidente em 1973. Um ano depois, começaria a "distensão".
Entre seus numerosos trabalhos,
cabe destacar sua "História da Literatura Brasileira", publicada inicialmente em 1938, que contém
uma análise profunda sobre o fenômeno do indianismo na arte
brasileira; a "História da Imprensa
no Brasil", de 1966, e a "História
Militar do Brasil", de 1965.
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