São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2000


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VÍDEO
Grupo é a maior tribo do Brasil
Relatos mostram sociedade ticuna

da Redação

Como conjugar os valores e práticas da tradição indígena com as alternativas e exigências do mundo moderno? Esse é o tema central do vídeo "Uma Assembléia Ticuna", dirigido por Bruno Pacheco de Oliveira e produzido por uma equipe de pesquisadores do Museu Nacional (UFRJ).
Em 32 minutos, o documentário registra a assembléia que reuniu grande parte dos índios ticunas em outubro de 99 na aldeia de Nova Esperança, município de São Paulo de Olivença (AM).
Entre os depoimentos mais incisivos, sobressai o de um sobrevivente ao massacre de 14 ticunas em 28 de março de 1988 -caso que permanece insolúvel.
A partir de relatos dos índios, o vídeo conta a história e o funcionamento do Conselho Geral da Tribo Ticuna (CGTT). Criado em 82, é a mais antiga organização indígena da Amazônia brasileira.
O documentário mostra também os preparativos para o ritual de iniciação das jovens (a "festa da moça nova"), que se entrelaça com a assembléia dos capitães (chefes de aldeia) ticunas.
Os ticunas são o maior povo indígena do país, com cerca de 32 mil pessoas, distribuídas em mais de cem aldeias na região do Alto Solimões, na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia. A região é hoje assolada pelo narcotráfico e ocupada por igrejas evangélicas, que buscam demover os índios de suas crenças.
Apesar de quase três séculos de contato com os brancos, os ticunas mantêm sua língua e preservam as instituições básicas, como a divisão em metades exogâmicas, a crença em seus heróis tradicionais e o temor da feitiçaria.
Por iniciativa de lideranças indígenas e da equipe de antropólogos do Museu Nacional, coordenada pelo professor João Pacheco de Oliveira, foi criado em 86 o Maguta (Centro de Documentação e Pesquisa do Alto Solimões). Dois anos depois, o Maguta organizou um museu indígena, atualmente dirigido pelo CGTT.
As 15 áreas ticunas somam mais de 1 milhão de hectares, a maior parte demarcada em 93 por meio de um convênio de cooperação internacional com o governo austríaco, que repassou diretamente para o Maguta os recursos necessários ao financiamento da demarcação. Hoje a preocupação maior das lideranças indígenas é conseguir implantar projetos de desenvolvimento sustentável e reverter em proveito das comunidades os recursos naturais das áreas.
(MAURÍCIO SANTANA DIAS)


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