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VÍDEO
Grupo é a maior tribo do Brasil
Relatos mostram sociedade ticuna
da Redação
Como conjugar os valores e práticas da tradição indígena com as
alternativas e exigências do mundo moderno? Esse é o tema central do vídeo "Uma Assembléia
Ticuna", dirigido por Bruno Pacheco de Oliveira e produzido por
uma equipe de pesquisadores do
Museu Nacional (UFRJ).
Em 32 minutos, o documentário registra a assembléia que reuniu grande parte dos índios ticunas em outubro de 99 na aldeia de
Nova Esperança, município de
São Paulo de Olivença (AM).
Entre os depoimentos mais incisivos, sobressai o de um sobrevivente ao massacre de 14 ticunas
em 28 de março de 1988 -caso
que permanece insolúvel.
A partir de relatos dos índios, o
vídeo conta a história e o funcionamento do Conselho Geral da
Tribo Ticuna (CGTT). Criado em
82, é a mais antiga organização indígena da Amazônia brasileira.
O documentário mostra também os preparativos para o ritual
de iniciação das jovens (a "festa
da moça nova"), que se entrelaça
com a assembléia dos capitães
(chefes de aldeia) ticunas.
Os ticunas são o maior povo indígena do país, com cerca de 32
mil pessoas, distribuídas em mais
de cem aldeias na região do Alto
Solimões, na fronteira do Brasil
com o Peru e a Colômbia. A região é hoje assolada pelo narcotráfico e ocupada por igrejas
evangélicas, que buscam demover os índios de suas crenças.
Apesar de quase três séculos de
contato com os brancos, os ticunas mantêm sua língua e preservam as instituições básicas, como
a divisão em metades exogâmicas, a crença em seus heróis tradicionais e o temor da feitiçaria.
Por iniciativa de lideranças indígenas e da equipe de antropólogos do Museu Nacional, coordenada pelo professor João Pacheco
de Oliveira, foi criado em 86 o Maguta (Centro de Documentação e
Pesquisa do Alto Solimões). Dois
anos depois, o Maguta organizou
um museu indígena, atualmente
dirigido pelo CGTT.
As 15 áreas ticunas somam mais
de 1 milhão de hectares, a maior
parte demarcada em 93 por meio
de um convênio de cooperação
internacional com o governo austríaco, que repassou diretamente
para o Maguta os recursos necessários ao financiamento da demarcação. Hoje a preocupação
maior das lideranças indígenas é
conseguir implantar projetos de
desenvolvimento sustentável e reverter em proveito das comunidades os recursos naturais das áreas.
(MAURÍCIO SANTANA DIAS)
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