São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2001 |
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Dois dos maiores historiadores da atualidade falam de seus trabalhos recentes Visões do poente
LE GOFF E HOBSBAWM MAPEIAM OCIDENTE
SYLVIA COLOMBO DA REPORTAGEM LOCAL Eles reviraram a história do Ocidente. Sem o francês Jacques Le Goff, 76, seria difícil entender por que a Idade Média deixou de ser vista pelos historiadores contemporâneos como um período de trevas e estagnação. Por outro lado, sem Eric Hobsbawm, 83, não haveria um retrato tão abrangente do que foram os séculos 19 e 20 em diferentes aspectos: econômicos, políticos, sociais e culturais, como o que foi apresentado nos quatro livros que lançou sobre o período. Um dos idealizadores da chamada Nova História (leia quadro nesta página), o medievalista Le Goff tem se dedicado também às biografias. O gênero havia sido desprezado pelos historiadores de seu grupo da Escola dos Annales -mais preocupados em estudar o cotidiano e as mentalidades de homens comuns do que em refazer a trajetória de heróis ou mártires, recurso tradicional da história feita então, chamada de "positivista", que queriam superar. Le Goff modificou essa idéia, transformando a biografia em uma oportunidade para exercitar a Nova História, por meio de uma integração entre a curta e a longa duração, ou seja, entre o indivíduo e as estruturas históricas. Desse forno saiu aqui, em 99, "São Luís - Biografia", pela Record, mesma editora que agora prepara o lançamento, para outubro, no Brasil, de "São Francisco de Assis", trabalho mais recente do pesquisador. Com seus estudos sobre o surgimento do conceito de purgatório e sobre a individualidade, Le Goff revolucionou a imagem da Idade Média no Ocidente, influenciando também trabalhos sobre os séculos subsequentes. Já Eric Hobsbawm é um historiador ligado a uma corrente diferente de pensamento historiográfico. De formação marxista e incansável militante de esquerda, baseia seu método de análise na história feita a partir do ponto de vista da luta de classes. Depois de expor à humanidade como foi a vida no Ocidente nos dois últimos séculos e de analisar as tendências para o atual em "O Novo Século" (Companhia das Letras), lançado aqui no ano passado, Hobsbawm agora dirige as lentes grossas de seus óculos para um assunto um pouco mais próximo no tempo e no espaço: a sua própria vida. O historiador está escrevendo uma autobiografia, ainda sem data de lançamento. Em entrevista à Folha, os dois historiadores, que estão entre os mais importantes da Europa na atualidade, falam sobre seus trabalhos mais recentes, suas visões de história e das tendências do pensamento ocidental. Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Eric Hobsbawm agora olha para seu passado Índice |
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