São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

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Coco Montoya, Carey Bell, Hubert Sumlin e Big Time Sarah são algumas das atrações de festival dedicado ao gênero que, neste ano, acontece em Porto Alegre e Curitiba

Blues na estrada

EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Como aconteceu nos Estados Unidos há mais de um século, o blues está crescendo no Brasil a partir do Sul. Lançado meio timidamente no ano passado em Porto Alegre, o festival Natu Blues conquista uma nova capital, Curitiba, a partir da edição deste ano, programada para acontecer entre os dias 23 e 26 de abril.
Mas isso não é o mais importante. Se no ano passado vieram ao evento os pouco conhecidos Matthew Robinson e Ron Levy, neste ano o festival conta com três tipos de músicos, todos do primeiríssimo time: os seminais, os mantenedores e os que empurram o blues para o século 21.
Na primeira categoria estão o gaiteiro Carey Bell, 65, e o guitarrista Hubert Sumlin, 70, que ajudaram a alicerçar o som das bandas de Muddy Waters e Howlin" Wolf, respectivamente. Depois, vêm a cantora Big Time Sarah e o grupo do guitarrista Magic Slim. Por fim, para os mais modernosos, o festival traz Coco Montoya (leia nesta página).
Bell e Sumlin irão protagonizar aquela que, para os organizadores, é a maior novidade em relação ao ano passado. São as Celebrity Nights, em que os norte-americanos serão acompanhados por bandas formadas apenas por blueseiros daqui.
"Como a maioria dos músicos mais antigos de blues está morta, decidimos pegar os sobreviventes e criar uma noite para reverenciá-los. É como se fosse um "Buena Vista" blueseiro", explica Toy Lima, produtor do festival.

Improviso
Mas, apesar de o blues ser um estilo musical afeito ao improviso, a reverência aos velhinhos será recheada de cuidados para que os músicos brasileiros não fiquem atirando a esmo até descobrir em que tom o norte-americano está cantando ou tocando.
"Eles já estão trocando e-mails e decidindo o repertório. Além disso, os músicos estrangeiros vão chegar ao Brasil uma semana antes do festival, o que dará tempo para o pessoal ensaiar antes dos shows", adianta Lima.
Tanto preparo é decorrência de uma experiência infeliz vivida por dois músicos diretamente envolvidos no Natu Blues: o guitarrista paulistano André Christovam e Big Time Sarah.
Durante o show da cantora no festival Nescafé & Blues de 1995, o grupo liderado pelo guitarrista demorava vários compassos até se encontrar com Sarah.
Desta vez, para acompanhar os norte-americanos, além de bandas já estabelecidas como as paulistanas André Christovam Trio e Blue Jeans, subirá ao palco a Natu Nobilis Blues Band, formada apenas por músicos do Sul do país arregimentados por Christovam.
Completam o elenco de atrações nacionais a paulistana Nasi e os Irmãos do Blues e a gaúcha The Hoochie Coochie Band.

São Paulo?
Segundo o discurso dos organizadores, o Natu Blues tem como metas "o divertimento e a despretensão". Isso justificaria o fato de ele ser realizado em clubes grandes e com ingresso mais em conta (no ano passado custou R$ 10).
Apesar de abrigar até 2.500 pessoas, as casas que receberão o festival terão a capacidade reduzida para cerca de 1.700. O preço do ingresso ainda não foi definido, mas o valor e as reservas estarão no site www.natublues.com.br, que deve entrar no ar a partir do próximo dia 26.
Um dia antes, os organizadores do festival lançarão um CD com uma seleção dos shows do ano passado. Essa estratégia deve se repetir na atual edição do Natu Blues, mas pretende ir além: está prevista a confecção de um DVD.
Tudo isso posto, sobra apenas uma pergunta: será que o festival chega a São Paulo ou ao Rio no ano que vem? Mesmo com a demonstração de força do elenco deste ano, ainda não há resposta definitiva.



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