|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Coco Montoya, Carey Bell, Hubert Sumlin e Big Time Sarah são algumas das atrações de festival dedicado ao gênero que, neste ano, acontece em Porto Alegre e Curitiba
Blues na estrada
EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Como aconteceu nos Estados
Unidos há mais de um século, o
blues está crescendo no Brasil a
partir do Sul. Lançado meio timidamente no ano passado em Porto Alegre, o festival Natu Blues
conquista uma nova capital, Curitiba, a partir da edição deste ano,
programada para acontecer entre
os dias 23 e 26 de abril.
Mas isso não é o mais importante. Se no ano passado vieram ao
evento os pouco conhecidos Matthew Robinson e Ron Levy, neste
ano o festival conta com três tipos
de músicos, todos do primeiríssimo time: os seminais, os mantenedores e os que empurram o
blues para o século 21.
Na primeira categoria estão o
gaiteiro Carey Bell, 65, e o guitarrista Hubert Sumlin, 70, que ajudaram a alicerçar o som das bandas de Muddy Waters e Howlin"
Wolf, respectivamente. Depois,
vêm a cantora Big Time Sarah e o
grupo do guitarrista Magic Slim.
Por fim, para os mais modernosos, o festival traz Coco Montoya
(leia nesta página).
Bell e Sumlin irão protagonizar
aquela que, para os organizadores, é a maior novidade em relação ao ano passado. São as Celebrity Nights, em que os norte-americanos serão acompanhados
por bandas formadas apenas por
blueseiros daqui.
"Como a maioria dos músicos
mais antigos de blues está morta,
decidimos pegar os sobreviventes
e criar uma noite para reverenciá-los. É como se fosse um "Buena
Vista" blueseiro", explica Toy Lima, produtor do festival.
Improviso
Mas, apesar de o blues ser um
estilo musical afeito ao improviso,
a reverência aos velhinhos será recheada de cuidados para que os
músicos brasileiros não fiquem
atirando a esmo até descobrir em
que tom o norte-americano está
cantando ou tocando.
"Eles já estão trocando e-mails e
decidindo o repertório. Além disso, os músicos estrangeiros vão
chegar ao Brasil uma semana antes do festival, o que dará tempo
para o pessoal ensaiar antes dos
shows", adianta Lima.
Tanto preparo é decorrência de
uma experiência infeliz vivida por
dois músicos diretamente envolvidos no Natu Blues: o guitarrista
paulistano André Christovam e
Big Time Sarah.
Durante o show da cantora no
festival Nescafé & Blues de 1995, o
grupo liderado pelo guitarrista
demorava vários compassos até
se encontrar com Sarah.
Desta vez, para acompanhar os
norte-americanos, além de bandas já estabelecidas como as paulistanas André Christovam Trio e
Blue Jeans, subirá ao palco a Natu
Nobilis Blues Band, formada apenas por músicos do Sul do país arregimentados por Christovam.
Completam o elenco de atrações nacionais a paulistana Nasi e
os Irmãos do Blues e a gaúcha The
Hoochie Coochie Band.
São Paulo?
Segundo o discurso dos organizadores, o Natu Blues tem como
metas "o divertimento e a despretensão". Isso justificaria o fato de
ele ser realizado em clubes grandes e com ingresso mais em conta
(no ano passado custou R$ 10).
Apesar de abrigar até 2.500 pessoas, as casas que receberão o festival terão a capacidade reduzida
para cerca de 1.700. O preço do ingresso ainda não foi definido, mas
o valor e as reservas estarão no site www.natublues.com.br, que
deve entrar no ar a partir do próximo dia 26.
Um dia antes, os organizadores
do festival lançarão um CD com
uma seleção dos shows do ano
passado. Essa estratégia deve se
repetir na atual edição do Natu
Blues, mas pretende ir além: está
prevista a confecção de um DVD.
Tudo isso posto, sobra apenas
uma pergunta: será que o festival
chega a São Paulo ou ao Rio no
ano que vem? Mesmo com a demonstração de força do elenco
deste ano, ainda não há resposta
definitiva.
Texto Anterior: "O Amor é Cego": Quem vai ficar com Gwyneth Próximo Texto: Montoya traz espontaneidade de entidades blueseiras para evento Índice
|