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Montoya traz espontaneidade de entidades blueseiras para evento
DA REDAÇÃO
Se fosse levada em consideração a quilometragem, o guitarrista norte-americano Coco Montoya, 50, seria a atração menos concorrida desta edição do Natu
Blues. Mas, com suas mãos e boca, ele produz uma combinação
de rock e blues, bem ao gosto da
molecada que entope festivais
desse tipo.
Cria das bandas de entidades
como Albert Collins (1932-93) e
John Mayall, 68, Montoya absorveu dos mestres duas lições: espontaneidade e organização.
O resto é melodia e ritmo, que o
guitarrista cultua desde antes de
se imaginar com uma guitarra
pendurada no pescoço. "Influenciado por Buddy Rich [baterista
de jazz" e os Beatles, resolvi
aprender a tocar bateria", disse o
guitarrista, por telefone, à Folha.
O que não foi seu único desvio
de rota. Seus pais cantavam e tocavam percussão e saxofone e
mantinham acesa a herança mexicana da família. Durante muito
tempo, Montoya ouviu os falsetes
de Miguel Aceves Mejia.
Até os 13 anos, Montoya tinha a
guitarra como instrumento secundário. Isso até o fim da adolescência, época do surgimento de
Jimi Hendrix, Cream (banda de
Eric Clapton), Paul Butterfield e
Rolling Stones.
"Não me conformo de ter adorado a música de britânicos como
os Stones e o Cream sem saber
que a maior parte do que eles faziam acontecia aqui nos EUA. Por
meio deles, descobri Buddy Guy,
John Lee Hooker, Albert King."
Nos anos 70, ele já era baterista
respeitado o suficiente para chamar a atenção de Albert Collins.
"Ele dizia que me ensinou a tocar
guitarra, mas a verdade é que ele
tocava e eu prestava atenção para
reproduzir o que saía de suas
mãos."
Terminada a parceria com Collins, Montoya passou a liderar
sua própria banda. Em 1980, ele
tocava em um barzinho de Los
Angeles quando percebeu John
Mayall na platéia. Pouco depois,
eles passaram a dividir palcos.
Os brasileiros viram essa união
no Free Jazz Festival de 1989. Sobre o talento de Mayall para descobrir talentosos guitarristas,
Montoya brinca: "Eu acreditava
nisso até ele me encontrar [risos"".
Nos anos 90, Montoya partiu
para a carreira solo, sensibilizando um selo holandês, que lançou
o repertório de "Gotta Mind to
Travel" em 94, um ano antes de a
gravadora norte-americana Blind
Pig (pela qual gravou "Ya Think
I'd Know Better" e "Just Let Go")
colocar o trabalho no mercado
dos EUA. Há dois anos, ele passou
a fazer parte da Alligator.
Mas Bruce Iglauer, dono da gravadora, adora meter o bedelho no
trabalho de seus contratados.
"Nós nos entendemos. Se não
gosta de uma coisa, diz na cara. O
importante é que ele conhece
muito de blues e sabe que não fui
contratado para produzir hits."
Desse casamento nasceu "Suspicion", lançado em 2000 e que
deve ser o manancial maior do repertório que Montoya mostrará
no Natu Blues.
Além disso, pode adiantar músicas de um trabalho que deve ser
lançado em junho. "Ainda não
tem um nome, mas segue a linha
de "Suspicion". É o tipo de blues
que eu sei tocar, não consigo ser
tradicional."
(EF)
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