São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

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Montoya traz espontaneidade de entidades blueseiras para evento

DA REDAÇÃO

Se fosse levada em consideração a quilometragem, o guitarrista norte-americano Coco Montoya, 50, seria a atração menos concorrida desta edição do Natu Blues. Mas, com suas mãos e boca, ele produz uma combinação de rock e blues, bem ao gosto da molecada que entope festivais desse tipo.
Cria das bandas de entidades como Albert Collins (1932-93) e John Mayall, 68, Montoya absorveu dos mestres duas lições: espontaneidade e organização.
O resto é melodia e ritmo, que o guitarrista cultua desde antes de se imaginar com uma guitarra pendurada no pescoço. "Influenciado por Buddy Rich [baterista de jazz" e os Beatles, resolvi aprender a tocar bateria", disse o guitarrista, por telefone, à Folha.
O que não foi seu único desvio de rota. Seus pais cantavam e tocavam percussão e saxofone e mantinham acesa a herança mexicana da família. Durante muito tempo, Montoya ouviu os falsetes de Miguel Aceves Mejia.
Até os 13 anos, Montoya tinha a guitarra como instrumento secundário. Isso até o fim da adolescência, época do surgimento de Jimi Hendrix, Cream (banda de Eric Clapton), Paul Butterfield e Rolling Stones.
"Não me conformo de ter adorado a música de britânicos como os Stones e o Cream sem saber que a maior parte do que eles faziam acontecia aqui nos EUA. Por meio deles, descobri Buddy Guy, John Lee Hooker, Albert King."
Nos anos 70, ele já era baterista respeitado o suficiente para chamar a atenção de Albert Collins. "Ele dizia que me ensinou a tocar guitarra, mas a verdade é que ele tocava e eu prestava atenção para reproduzir o que saía de suas mãos."
Terminada a parceria com Collins, Montoya passou a liderar sua própria banda. Em 1980, ele tocava em um barzinho de Los Angeles quando percebeu John Mayall na platéia. Pouco depois, eles passaram a dividir palcos.
Os brasileiros viram essa união no Free Jazz Festival de 1989. Sobre o talento de Mayall para descobrir talentosos guitarristas, Montoya brinca: "Eu acreditava nisso até ele me encontrar [risos"".
Nos anos 90, Montoya partiu para a carreira solo, sensibilizando um selo holandês, que lançou o repertório de "Gotta Mind to Travel" em 94, um ano antes de a gravadora norte-americana Blind Pig (pela qual gravou "Ya Think I'd Know Better" e "Just Let Go") colocar o trabalho no mercado dos EUA. Há dois anos, ele passou a fazer parte da Alligator.
Mas Bruce Iglauer, dono da gravadora, adora meter o bedelho no trabalho de seus contratados. "Nós nos entendemos. Se não gosta de uma coisa, diz na cara. O importante é que ele conhece muito de blues e sabe que não fui contratado para produzir hits."
Desse casamento nasceu "Suspicion", lançado em 2000 e que deve ser o manancial maior do repertório que Montoya mostrará no Natu Blues.
Além disso, pode adiantar músicas de um trabalho que deve ser lançado em junho. "Ainda não tem um nome, mas segue a linha de "Suspicion". É o tipo de blues que eu sei tocar, não consigo ser tradicional." (EF)


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