São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

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ERIKA PALOMINO

Nova York traz novo vocabulário fashion

Começa a temporada internacional de desfiles do prêt-à-porter inverno 2002/2003, a primeira depois do 11 de setembro que mudou o mundo -o da moda também. Esta semana rolaram as coleções em NY,com a cidade ainda envolta em bandeiras. Os estilistas ainda tateiam para encontrar um estilo -que inclui também o modelo de apresentação dessas coleções. A palavra "apropriado" é incorporada ao vocabulário fashion. "É uma nova consciência", declarou Donna Karan, um dos símbolos do NY style. Todos enfrentam problemas de varejo e esperam ver tudo melhorar até o final do ano. Por enquanto, o consumidor está reagindo somente a promoções e ofertas.
A Seventh on Sixth (nome oficial da semana) vem mais básica (menos desfiles, salas menores, pouca badalação). Os desfiles também são mais curtos, com menos looks (32 tem sido o número). A estação está mais contida. Não é para menos: foi interrompida em seu quarto dia pelos ataques ao World Trade Center. Em alguns momentos, as comparações ocuparam mais espaço na mídia do que as coleções dos estilistas, propriamente ditas. E o fato de Marc Jacobs ter feito (mais) um desfile cheio de buzz, atrasos e celebrities -como nos velhos tempos- deixou revoltados, por exemplo, os jornalistas do "New York Times", incomodados sobretudo pelo fato de a coleção ter sido mostrada na New York State Armory, que serviu em setembro como enfermaria improvisada. Influenciados pela sensação de desconforto, seus críticos detonaram um desfile elogiado pelo restante da mídia especializada.
Até o fato de Jacobs usar uma modelo para cada uma das 42 entradas na passarela foi massacrado -como símbolo de gastança desenfreada. A crítica Ginia Bellafante escreveu: "Nada disso teria importado se suas roupas servissem ao propósito da moda ou, no mínimo, expressassem uma visão coerente. Jacobs hesita como um estudante que nunca vai se formar por não conseguir encontrar um tópico para sua tese". Xiii...
De toda forma, esta temporada nova-iorquina entra para a história por marcar a volta de Nicolas Ghesquière, o mais influente -portanto copiado- estilista do momento no planeta. Designer da Balenciaga, ele muda de novo, avançando agora do patchwork do verão para vestidos curtos cubistas, casacões com lã de carneiro (não parece Karlla Girotto?!), jaquetas de motociclistas com grandes golas e inacreditáveis jeans claros, de cintura alta. Socorro! Vamos usar esse tipo de calça? Vamos. Pior é que vamos.



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