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comentário
Atriz está muito acima das colegas de Hollywood
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Faz apenas dez anos,
com "Oscar e Lucinda" (1997), que Cate
Blanchett saltou de papéis
em séries da TV australiana
para o estrelato internacional, mas a sensação é de que
ela está por aí há mais tempo.
Diversos motivos conspiram
para mantê-la na ribalta.
Desde "Elizabeth" (1998),
que lhe valeu a primeira de
suas cinco indicações ao Oscar, ela trabalhou em 27 longas. A média significativa de
quase três filmes por ano esconde o fato de que, nas temporadas de 1999, 2001, 2003
e 2006, ela apareceu em quatro longas por ano.
Não causa espanto que,
neste ano, tenha sido indicada ao Oscar em duas categorias, como atriz principal por
"Elizabeth - A Era de Ouro" e
como coadjuvante por "Não
Estou Lá". Poderia ter acontecido antes e, no atual ritmo, é provável que aconteça
outra vez.
A diversificação de papéis,
por sua vez, impede que a exposição constante desgaste a
sua imagem. De rainha virgem da Inglaterra a dona-de-casa disposta a alguma aventura ("Vida Bandida"), de
professora que se deixa envolver com um aluno ("Notas
sobre um Escândalo") a uma
ex-dependente química que
procura se reerguer ("Sob o
Efeito da Água"), Cate Blanchett vem montando um
currículo que não a aprisiona
em estereótipos.
Quantas outras estrelas
poderiam interpretar Bob
Dylan sem que a situação parecesse ridícula? A distância
entre Blanchett e a imensa
maioria das atrizes de Hollywood é ilustrada por "O Aviador" (2004), que inclui entre
as personagens três divindades do cinema: Jean Harlow,
Ava Gardner e Katharine
Hepburn.
Gwen Stefani e Kate Be-ckinsale, que interpretam
respectivamente Harlow (a
"vênus platinada") e Gardner ("o mais belo animal do
mundo", segundo Ernest
Hemingway), tornam constrangedora a comparação
com as atrizes. Blanchett, no
entanto, faz parecer fácil o
ingrato desafio de recriar a
personalidade fortíssima de
Hepburn.
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