São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

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comentário

Atriz está muito acima das colegas de Hollywood

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Faz apenas dez anos, com "Oscar e Lucinda" (1997), que Cate Blanchett saltou de papéis em séries da TV australiana para o estrelato internacional, mas a sensação é de que ela está por aí há mais tempo. Diversos motivos conspiram para mantê-la na ribalta.
Desde "Elizabeth" (1998), que lhe valeu a primeira de suas cinco indicações ao Oscar, ela trabalhou em 27 longas. A média significativa de quase três filmes por ano esconde o fato de que, nas temporadas de 1999, 2001, 2003 e 2006, ela apareceu em quatro longas por ano.
Não causa espanto que, neste ano, tenha sido indicada ao Oscar em duas categorias, como atriz principal por "Elizabeth - A Era de Ouro" e como coadjuvante por "Não Estou Lá". Poderia ter acontecido antes e, no atual ritmo, é provável que aconteça outra vez.
A diversificação de papéis, por sua vez, impede que a exposição constante desgaste a sua imagem. De rainha virgem da Inglaterra a dona-de-casa disposta a alguma aventura ("Vida Bandida"), de professora que se deixa envolver com um aluno ("Notas sobre um Escândalo") a uma ex-dependente química que procura se reerguer ("Sob o Efeito da Água"), Cate Blanchett vem montando um currículo que não a aprisiona em estereótipos.
Quantas outras estrelas poderiam interpretar Bob Dylan sem que a situação parecesse ridícula? A distância entre Blanchett e a imensa maioria das atrizes de Hollywood é ilustrada por "O Aviador" (2004), que inclui entre as personagens três divindades do cinema: Jean Harlow, Ava Gardner e Katharine Hepburn.
Gwen Stefani e Kate Be-ckinsale, que interpretam respectivamente Harlow (a "vênus platinada") e Gardner ("o mais belo animal do mundo", segundo Ernest Hemingway), tornam constrangedora a comparação com as atrizes. Blanchett, no entanto, faz parecer fácil o ingrato desafio de recriar a personalidade fortíssima de Hepburn.


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