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Festival de Bogotá começa hoje como um "ato de fé" no país
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio aos conflitos entre
Exército e guerrilhas que aprofundam a crise política, social e
econômica da Colômbia, começa
hoje a oitava edição do Festival
Ibero-Americano de Teatro de
Bogotá.
Sua organizadora, a atriz Fanny
Mikey, assume o evento como
"um ato de fé na Colômbia", segundo declarou ao jornal "El
Tiempo". Sondada sobre o possível cancelamento do evento, a
despeito da ameaça de atos violentos e da falta de caixa, ela resiste e cita que, em edições passadas,
o evento chegou a sofrer ataque à
bomba e, no entanto, superou os
fatos.
Entusiasta, 14 anos à frente do
festival, Mikey é um misto da colega Fernanda Montenegro, da
produtora Ruth Escobar e da diretora Nitis Jacon (Festival Internacional de Londrina), se é que tal
mistura seja possível.
O tema deste ano é "A Volta ao
Mundo em 80 Obras". Foram
convidadas companhias da Ásia,
da África, da Europa, da Oceania e
da América.
Durante os próximo 17 dias, até
31, estão previstos a participação
de 30 países e 83 companhias. Os
grupos colombianos são 42. A
programação soma 420 apresentações em salas de teatro ou em
espaços públicos (ruas e praças).
A Alemanha é o país homenageado deste ano. No teatro, o país
apresenta "Hamlet", de Shakespeare, com a companhia Schauspielhannover, dirigida por Nicolas Stemann, e "O Inferno - O livro da Alma", adaptação de "A
Divina Comédia Humana", de
Dante Alighieri, com a companhia Thalia Theater, dirigida por
Tomaz Pandur.
Uma das principais atrações do
festival, a encenação de "O Inferno" prevê uma piscina com 45 mil
litros de água, mantida aquecida
por caldeiras.
Na dança, os alemães apresentam "Cheshire Cat", inspirada em
"Alice no País das Maravilhas", de
Lewis Carroll, com a Cia. Helena
Waldmann.
Também são aguardados com
expectativa "O Traje" ("Le Costume"), dirigido por Peter Brook, e
"Macbeth", com a companhia lituana Meno Fortas, dirigida por
Eimuntas Nekrosius.
Na edição de 2001 do Festival
Porto Alegre em Cena, o público
assistiu a "O Traje" e ao "Hamlet"
da trilogia da Meno Fortas.
A companhia grega Attis Theatre, dirigida por Theodoros Terzoupoulos, participa com "Descent", espetáculo baseado no mito de Traquínias, de Sófocles, e no
mito de Hércules Enfurecido, de
Eurípides. Depois de Bogotá, a
montagem viaja para São Paulo
para fazer duas apresentações no
Sesc Anchieta.
Brasil
Theodoros Terzoupoulos, que
também fará uma palestra no
próprio Sesc, sobre "A Importância do Drama Antígono no Mundo Moderno", preside, desde
1993, o Comitê de Teatro Olímpico que reúne nomes que lideram
mundialmente a arte teatral a partir da metade do século passado,
como Tadashi Suzuki (Japão),
Heiner Müller (Alemanha), Robert Wilson (EUA) e o brasileiro
Antunes Filho.
Em Bogotá, o Brasil marca presença com a companhia paulista
Pia Fraus, que encena o adulto
"Farsa Quixotesca" e o infanto-juvenil "Bichos do Brasil".
Na dança, a paranaense Verve
Companhia leva a coreografia
"Um Pouco de Tudo ao Mesmo
Tempo".
Ainda na programação de dança, destaca-se "Esther", da companhia israelense Vertigo Dance,
sob coreografia de Noa Wertheim.
Entre as montagens que se utilizam de recursos de multimídia,
destaca-se a Les Deux Mondes, do
Canadá, que apresenta "Leitmotiv", dirigida por Daniel Meilleur.
Bogotá assistirá ainda a uma
montagem russa de "A Gaivota",
de Anton Tchecov, com a companhia Theatre of Nations, dirigida
por Andrii Zholdak.
(VS)
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