São Paulo, sexta-feira, 15 de março de 2002

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Festival de Bogotá começa hoje como um "ato de fé" no país

DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio aos conflitos entre Exército e guerrilhas que aprofundam a crise política, social e econômica da Colômbia, começa hoje a oitava edição do Festival Ibero-Americano de Teatro de Bogotá.
Sua organizadora, a atriz Fanny Mikey, assume o evento como "um ato de fé na Colômbia", segundo declarou ao jornal "El Tiempo". Sondada sobre o possível cancelamento do evento, a despeito da ameaça de atos violentos e da falta de caixa, ela resiste e cita que, em edições passadas, o evento chegou a sofrer ataque à bomba e, no entanto, superou os fatos.
Entusiasta, 14 anos à frente do festival, Mikey é um misto da colega Fernanda Montenegro, da produtora Ruth Escobar e da diretora Nitis Jacon (Festival Internacional de Londrina), se é que tal mistura seja possível.
O tema deste ano é "A Volta ao Mundo em 80 Obras". Foram convidadas companhias da Ásia, da África, da Europa, da Oceania e da América.
Durante os próximo 17 dias, até 31, estão previstos a participação de 30 países e 83 companhias. Os grupos colombianos são 42. A programação soma 420 apresentações em salas de teatro ou em espaços públicos (ruas e praças).
A Alemanha é o país homenageado deste ano. No teatro, o país apresenta "Hamlet", de Shakespeare, com a companhia Schauspielhannover, dirigida por Nicolas Stemann, e "O Inferno - O livro da Alma", adaptação de "A Divina Comédia Humana", de Dante Alighieri, com a companhia Thalia Theater, dirigida por Tomaz Pandur.
Uma das principais atrações do festival, a encenação de "O Inferno" prevê uma piscina com 45 mil litros de água, mantida aquecida por caldeiras.
Na dança, os alemães apresentam "Cheshire Cat", inspirada em "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll, com a Cia. Helena Waldmann.
Também são aguardados com expectativa "O Traje" ("Le Costume"), dirigido por Peter Brook, e "Macbeth", com a companhia lituana Meno Fortas, dirigida por Eimuntas Nekrosius.
Na edição de 2001 do Festival Porto Alegre em Cena, o público assistiu a "O Traje" e ao "Hamlet" da trilogia da Meno Fortas.
A companhia grega Attis Theatre, dirigida por Theodoros Terzoupoulos, participa com "Descent", espetáculo baseado no mito de Traquínias, de Sófocles, e no mito de Hércules Enfurecido, de Eurípides. Depois de Bogotá, a montagem viaja para São Paulo para fazer duas apresentações no Sesc Anchieta.

Brasil
Theodoros Terzoupoulos, que também fará uma palestra no próprio Sesc, sobre "A Importância do Drama Antígono no Mundo Moderno", preside, desde 1993, o Comitê de Teatro Olímpico que reúne nomes que lideram mundialmente a arte teatral a partir da metade do século passado, como Tadashi Suzuki (Japão), Heiner Müller (Alemanha), Robert Wilson (EUA) e o brasileiro Antunes Filho.
Em Bogotá, o Brasil marca presença com a companhia paulista Pia Fraus, que encena o adulto "Farsa Quixotesca" e o infanto-juvenil "Bichos do Brasil".
Na dança, a paranaense Verve Companhia leva a coreografia "Um Pouco de Tudo ao Mesmo Tempo".
Ainda na programação de dança, destaca-se "Esther", da companhia israelense Vertigo Dance, sob coreografia de Noa Wertheim.
Entre as montagens que se utilizam de recursos de multimídia, destaca-se a Les Deux Mondes, do Canadá, que apresenta "Leitmotiv", dirigida por Daniel Meilleur.
Bogotá assistirá ainda a uma montagem russa de "A Gaivota", de Anton Tchecov, com a companhia Theatre of Nations, dirigida por Andrii Zholdak. (VS)


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