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CINEMA
Atraso na conversão de formato vídeo para 35 mm tira filme do brasileiro Alexandre Stockler de festival argentino
"Cama de Gato" fica fora de Mar del Plata
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA
O 17º Festival Internacional de
Cinema de Mar del Plata termina
amanhã, com um filme a menos
na disputa pelos troféus Ombú. O
brasileiro "Cama de Gato", de
Alexandre Stockler, foi desclassificado da competição, porque sua
cópia está finalizada em vídeo, e
não em 35 mm, o que contraria o
regulamento da mostra.
"É lamentável. Esse episódio é
muito pior para nós que o atraso
de filmes. Mas compreendo que
no Brasil esteja faltando dinheiro
neste momento, assim como na
Argentina. O Brasil não foi capaz
de terminar um filme. Espero ser
capaz de terminar este festival",
disse Claudio España, diretor do
evento.
España afirma que anteontem,
na véspera da estréia prevista de
"Cama de Gato", reuniu-se com o
produtor do filme, Hank Levine, e
com a advogada do festival.
"Ele nos propôs exibir o filme
em vídeo, sem dizer nada a ninguém. Mas o regulamento do festival proíbe, em primeiro lugar,
fazer trapaças e, depois, projetar
filmes em formato diferente de 35
mm", diz España.
O diretor Alexandre Stockler
diz que "há duas ou três semanas"
informou a organização do festival sobre problemas técnicos que
vinha enfrentando na transposição do formato do filme.
"Avisei que poderia atrasar e sugeri que saíssemos da competição. Eles me recomendaram continuar correndo para terminar o
filme. No domingo passado, informei que definitivamente não
daria tempo", diz. España afirma,
porém, que os brasileiros haviam
assegurado que a conversão seria
concluída a tempo.
Segundo Stockler, os organizadores lhe pediram que trouxesse a
cópia em vídeo, para que avaliassem aqui a possibilidade de exibi-lo em competição neste formato.
"Quando eu já havia saído do Brasil, fizeram a reunião dizendo que
não poderíamos participar". diz.
A direção do festival propôs à
produção de "Cama de Gato" que
o filme fosse mostrado em uma
das sessões paralelas. Alexandre
Stockler não aceitou.
Por pouco, a falta de finalização
em 35 mm não prejudicou também o filme argentino "Vladimir
en Buenos Aires", do estreante
Diego Gachassin. "Eles tiveram a
mesma dificuldade, mas conseguiram converter o filme a tempo", diz España.
O competidor francês "Le Stade
de Wimbledon" e o italiano "Santa Maradona" estrearam ontem,
com quatro e cinco dias de atraso,
respectivamente, porque suas cópias só chegaram anteontem a
Mar del Plata.
Entre os 16 filmes a que se restringe agora a competição, ainda
não havia surgido um favorito até
ontem. A comissão de seleção diz
ter procurado privilegiar obras
"polêmicas, impactantes e com
requisitos para chocar", mas a
qualidade média das realizações
frustrou a expectativa dos críticos.
O júri da competição oficial é
composto pelos cineastas Nana
Djorjadze (Rússia) e Silvio Caiozzi (Chile), pelo produtor Jon Davison (EUA), pelas atrizes Blanca
Guerra (México) e Mercedes Moran (Argentina) e pela crítica francesa -especialista em cinema
brasileiro- Sylvie Pierre.
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