São Paulo, sexta-feira, 15 de março de 2002

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CINEMA

Atraso na conversão de formato vídeo para 35 mm tira filme do brasileiro Alexandre Stockler de festival argentino

"Cama de Gato" fica fora de Mar del Plata

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA

O 17º Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata termina amanhã, com um filme a menos na disputa pelos troféus Ombú. O brasileiro "Cama de Gato", de Alexandre Stockler, foi desclassificado da competição, porque sua cópia está finalizada em vídeo, e não em 35 mm, o que contraria o regulamento da mostra.
"É lamentável. Esse episódio é muito pior para nós que o atraso de filmes. Mas compreendo que no Brasil esteja faltando dinheiro neste momento, assim como na Argentina. O Brasil não foi capaz de terminar um filme. Espero ser capaz de terminar este festival", disse Claudio España, diretor do evento.
España afirma que anteontem, na véspera da estréia prevista de "Cama de Gato", reuniu-se com o produtor do filme, Hank Levine, e com a advogada do festival.
"Ele nos propôs exibir o filme em vídeo, sem dizer nada a ninguém. Mas o regulamento do festival proíbe, em primeiro lugar, fazer trapaças e, depois, projetar filmes em formato diferente de 35 mm", diz España.
O diretor Alexandre Stockler diz que "há duas ou três semanas" informou a organização do festival sobre problemas técnicos que vinha enfrentando na transposição do formato do filme.
"Avisei que poderia atrasar e sugeri que saíssemos da competição. Eles me recomendaram continuar correndo para terminar o filme. No domingo passado, informei que definitivamente não daria tempo", diz. España afirma, porém, que os brasileiros haviam assegurado que a conversão seria concluída a tempo.
Segundo Stockler, os organizadores lhe pediram que trouxesse a cópia em vídeo, para que avaliassem aqui a possibilidade de exibi-lo em competição neste formato. "Quando eu já havia saído do Brasil, fizeram a reunião dizendo que não poderíamos participar". diz.
A direção do festival propôs à produção de "Cama de Gato" que o filme fosse mostrado em uma das sessões paralelas. Alexandre Stockler não aceitou.
Por pouco, a falta de finalização em 35 mm não prejudicou também o filme argentino "Vladimir en Buenos Aires", do estreante Diego Gachassin. "Eles tiveram a mesma dificuldade, mas conseguiram converter o filme a tempo", diz España.
O competidor francês "Le Stade de Wimbledon" e o italiano "Santa Maradona" estrearam ontem, com quatro e cinco dias de atraso, respectivamente, porque suas cópias só chegaram anteontem a Mar del Plata.
Entre os 16 filmes a que se restringe agora a competição, ainda não havia surgido um favorito até ontem. A comissão de seleção diz ter procurado privilegiar obras "polêmicas, impactantes e com requisitos para chocar", mas a qualidade média das realizações frustrou a expectativa dos críticos.
O júri da competição oficial é composto pelos cineastas Nana Djorjadze (Rússia) e Silvio Caiozzi (Chile), pelo produtor Jon Davison (EUA), pelas atrizes Blanca Guerra (México) e Mercedes Moran (Argentina) e pela crítica francesa -especialista em cinema brasileiro- Sylvie Pierre.



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