São Paulo, sábado, 15 de março de 2003 |
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BARCELONA PÕE 3.500 ARTISTAS PARA DIALOGAR Mundocultura
CASSIANO ELEK MACHADO DA REPORTAGEM LOCAL A cidade de Barcelona tem se dedicado nos últimos anos a um cultivo diferente. Nada de adubo, arados e regadores. É de culturas de todo o mundo essa semeadura. O plantio começou em 1995, quando um grupo de intelectuais e políticos da capital da Catalunha decidiu que um evento cultural de proporções globais deveria ser feito na cidade, berço de Antoni Gaudí e Joan Miró. A colheita ainda está longe, com início marcado para maio de 2004, mas centenas de meses na estufa depois o projeto em questão começa a tomar suas formas definitivas no horizonte. O Fórum Universal das Culturas, como o megaevento foi batizado, começou a distribuir mundo afora livros com suas diretrizes ideológicas e com o esqueleto de sua programação cultural. Barcelona 2004 tem como objetivo, informam o documentos, "promover o estudo, a reflexão e a pesquisa por meio do diálogo entre todos os atores e todas as culturas que compõem o panorama mundial". A "mundocultura" catalã pretende "estabelecer uma cultura da paz, da diversidade e do desenvolvimento sustentável". Essa busca pela paz por meio da cultura tem, ironia, como um de seus patrocinadores-mor um dos defensores de primeira hora da guerra contra o Iraque, o governo da Espanha. Pelo menos 180 dos 318 milhões de euros do orçamento do Fórum saem do bolso de consórcio entre a prefeitura de Barcelona, o Estado da Catalunha e, por fim, o ministério de José Maria Aznar. A Unesco e patrocinadores privados completam a conta. Esses custos não envolvem as gigantescas obras de infra-estrutura e reurbanização de área pouco valorizada da cidade, Sant Adrià, que custam mais milhões de euros espanhóis. Nesse cenário renovado, o Fórum promoverá uma volumosa cascata de eventos culturais, com concepção bastante elástica do conceito "cultura". A programação de Barcelona 2004, que terá 141 dias de atividade, envolve 3.500 artistas, 984 espetáculos diários, 28 exposições, 45 congressos e 109 companhias teatrais. Em meio a tanta matemática, brilham nomes incontestes: os encenadores Peter Brook e Robert Wilson, a coreógrafa Pina Bausch, ou o músico Mstislav Rostropovich, que participa da cerimônia de abertura, com o concerto "Réquiem da Guerra", de Benjamin Britten. Mas guerra é o tema que não passa pela mesa dos organizadores de Barcelona 2004. "Nada de guerra. Buscamos o reconhecimento da diversidade cultural como eixo a partir do qual construir as convivências que permitam fazer real um mundo de paz", diz à Folha Ferran Mascarrell, vice-presidente do Fórum. Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Fórum reunirá Brook, Caetano e Bausch Índice |
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