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Programação de Barcelona terá, a partir de maio de 2004, espetáculos de dança, circo, teatro e música
Fórum reunirá Brook, Caetano e Bausch
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem nas célebres Exposições
Universais, que acontecem desde
o século 19, nem em eventos globais mais jovens, como o Fórum
Social Mundial de Porto Alegre. É
no passado longínquo da Catalunha que mira a organização de
Barcelona 2004 para chegar a um
novo modelo de "grande acontecimento mundial".
Conselheiro de cultura da prefeitura local e vice-presidente do
Fórum Universal das Culturas,
Ferran Mascarell diz que é o histórico de Barcelona como porto o
espelho do megaevento.
"Fomos a referência comercial
do mediterrâneo, fizemos possível a convivência pacífica durante
séculos das civilizações muçulmana, judia, cristã", afirma.
Em entrevista à Folha, o dirigente fala como pretende expandir essa convivência pacífica para
o resto do mundo. Leia trechos.
(CEM)
Folha - Com um orçamento de
318 milhões de euros e mais de
Ferran Mascarell - Entre os pontos nevrálgicos da parte propriamente
cultural do Fórum estão as quatro
grandes exposições que faremos
com temas relacionados ao desenvolvimento sustentável, e as 20
outras grandes mostras, como
"Picasso e a Guerra".
Em meio às centenas de espetáculos de todas as espécies, teremos artistas do porte de Peter
Brook, Robert Wilson, Maurizio
Scaparro, Pina Bausch e Patrice
Chereau, que farão projetos específicos para o Fórum.
Folha - E qual será o papel do Brasil nesse universo cultural?
Mascarell - O Brasil se destacou
sobretudo no âmbito da música
por sua capacidade de mesclar estilos. Artistas como Carlinhos
Brown e Caetano Veloso estarão
aqui, assim como um festival de
Tom Jobim e Villa-Lobos.
Folha - Cultura é uma palavra
com muitas definições. Com qual
delas trabalha o Fórum Universal
das Culturas de Barcelona?
Mascarell - Adotamos a
cultura como um conjunto de conhecimentos e valores sobre os
quais estruturamos nossas formas de vida. Na situação atual,
global e diversa, é necessário fortalecer as condições e valores que
façam possível a convivência. É a
cultura que deverá propor soluções contra a exclusão social e a
segmentação no contexto da globalização.
Folha - O Fórum Universal das
Culturas, que poderia reivindicar o
papel de herdeiro de outros evenUniversais, afirma-se como um novo modelo. Por quê?
Mascarell - Os encontros mundiais têm privilegiado represenimportante incluir a sociedade civil e a cidadania no debate. É a
nossa familiaridade com Porto
Alegre. O Fórum Social Mundial
apontou a necessidade de uma
globalização mais humana e a importância de novos mecanismos
de participação política.
Folha - O líder catalão Jordi Pujol
estabelece, em texto sobre o Fórum, uma relação direta entre crescimento da violência e a necessidade de falar de identidades e diferenças culturais. Como a cultura pode colaborar com a diminuição das
catástrofes deste século, como o 11
de setembro, e com a paz mundial?
Mascarell - Os catalães sabemos
aceitar o diverso. Na prática sabemos que fomentar uma identidade baseada no respeito pela tradição própria e a aceitação das diversidades é o melhor instrumento a favor da conviência social.
Folha - Como o evento tratará da
conflituosa relação cultural do ocidente com o mundo árabe hoje?
Mascarell - A meu ver não há
fundamento real em falar sobre
um conflito cultural entre ocidente e oriente. Existem desigualdades e injustiças sociais que provocam conflitos, mas não enfrentamentos culturais.
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