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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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Programação de Barcelona terá, a partir de maio de 2004, espetáculos de dança, circo, teatro e música

Fórum reunirá Brook, Caetano e Bausch

DA REPORTAGEM LOCAL

Nem nas célebres Exposições Universais, que acontecem desde o século 19, nem em eventos globais mais jovens, como o Fórum Social Mundial de Porto Alegre. É no passado longínquo da Catalunha que mira a organização de Barcelona 2004 para chegar a um novo modelo de "grande acontecimento mundial".
Conselheiro de cultura da prefeitura local e vice-presidente do Fórum Universal das Culturas, Ferran Mascarell diz que é o histórico de Barcelona como porto o espelho do megaevento.
"Fomos a referência comercial do mediterrâneo, fizemos possível a convivência pacífica durante séculos das civilizações muçulmana, judia, cristã", afirma.
Em entrevista à Folha, o dirigente fala como pretende expandir essa convivência pacífica para o resto do mundo. Leia trechos. (CEM)

Folha - Com um orçamento de 318 milhões de euros e mais de Ferran Mascarell - Entre os pontos nevrálgicos da parte propriamente cultural do Fórum estão as quatro grandes exposições que faremos com temas relacionados ao desenvolvimento sustentável, e as 20 outras grandes mostras, como "Picasso e a Guerra".
Em meio às centenas de espetáculos de todas as espécies, teremos artistas do porte de Peter Brook, Robert Wilson, Maurizio Scaparro, Pina Bausch e Patrice Chereau, que farão projetos específicos para o Fórum.

Folha - E qual será o papel do Brasil nesse universo cultural?
Mascarell -
O Brasil se destacou sobretudo no âmbito da música por sua capacidade de mesclar estilos. Artistas como Carlinhos Brown e Caetano Veloso estarão aqui, assim como um festival de Tom Jobim e Villa-Lobos.

Folha - Cultura é uma palavra com muitas definições. Com qual delas trabalha o Fórum Universal das Culturas de Barcelona?
Mascarell -
Adotamos a cultura como um conjunto de conhecimentos e valores sobre os quais estruturamos nossas formas de vida. Na situação atual, global e diversa, é necessário fortalecer as condições e valores que façam possível a convivência. É a cultura que deverá propor soluções contra a exclusão social e a segmentação no contexto da globalização.

Folha - O Fórum Universal das Culturas, que poderia reivindicar o papel de herdeiro de outros evenUniversais, afirma-se como um novo modelo. Por quê?
Mascarell -
Os encontros mundiais têm privilegiado represenimportante incluir a sociedade civil e a cidadania no debate. É a nossa familiaridade com Porto Alegre. O Fórum Social Mundial apontou a necessidade de uma globalização mais humana e a importância de novos mecanismos de participação política.

Folha - O líder catalão Jordi Pujol estabelece, em texto sobre o Fórum, uma relação direta entre crescimento da violência e a necessidade de falar de identidades e diferenças culturais. Como a cultura pode colaborar com a diminuição das catástrofes deste século, como o 11 de setembro, e com a paz mundial?
Mascarell -
Os catalães sabemos aceitar o diverso. Na prática sabemos que fomentar uma identidade baseada no respeito pela tradição própria e a aceitação das diversidades é o melhor instrumento a favor da conviência social.

Folha - Como o evento tratará da conflituosa relação cultural do ocidente com o mundo árabe hoje?
Mascarell -
A meu ver não há fundamento real em falar sobre um conflito cultural entre ocidente e oriente. Existem desigualdades e injustiças sociais que provocam conflitos, mas não enfrentamentos culturais.


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