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MÚSICA
Elis solta sua língua de Pimentinha
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Elis Regina, que faria 61 anos
nesta sexta-feira, cantava muito. E
falava também. "Elis, que Saudade...", da TV Cultura, prioriza essa
segunda Elis. Falando, a Pimentinha também era fogo.
O especial é uma combinação
de imagens de dois programas
feitos pela cantora na Cultura: um
"MPB Especial" de 73 e um "Vox
Populi" de 78. No segundo, que
predomina, Elis só fala, respondendo a perguntas gravadas de
anônimos e conhecidos.
No momento mais quente, ela
ataca um dos entrevistadores, o
presidente da OMB (Ordem dos
Músicos do Brasil), Wilson Sandoli, que diz ser seu amigo, mas
desqualifica sua luta por uma associação alternativa da classe.
"Não sou sua amiga porque tenho muito bom gosto na escolha
das minhas amizades", começa
ela, antes de vociferar contra seu
adversário olhando sempre para a
câmera. Mais Elis, difícil.
(Detalhe: Sandoli ainda é o presidente da OMB, está há 40 anos
no poder, e novamente vem enfrentando protestos de músicos.)
Elis ainda ataca as discotecas,
símbolo da época, para ela, de
música estrangeira de má qualidade. Ataca a TV comercial ao explicar por que aparece pouco: "Já
me violentei o suficiente". Ataca
até alguns populares que a criticam. Mas se diverte quando um
menino lhe pergunta se usa dentadura. E chora quando um morador de Brasilândia (zona norte
de São Paulo) pede que ela faça
um show na região.
Os poucos números musicais
("Ladeira da Preguiça", "Atrás da
Porta") são do belíssimo especial
de 73, que já saiu em DVD e que a
Cultura exibirá na íntegra na sexta-feira, às 20h. Nesse programa,
ela canta muito e bem, e fala da
mesma forma.
"Sou uma pessoa que não nasceu para viver em sociedade", diz
em um dos muitos momentos comoventes. Elis era fogo.
Elis, que Saudade...
Quando: hoje, às 20h, na TV Cultura
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