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Perto do poder, artista o retratou "sem compaixão"
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundo o curador do
Masp, Teixeira Coelho, Goya
representa bem um paradoxo vivido pelos artistas: precisar estar perto de quem
tem dinheiro para custear
suas obras e se manter; ao
mesmo, ter liberdade para
expressar sua arte da maneira mais aberta possível.
Goya conseguiu viver nessa corda bamba com maestria, estando sempre próximo do poder, seja da monarquia espanhola, seja dos inquisidores da Igreja Católica, retratando-os, em muitos
casos, sem "compaixão", como escreve o historiador da
arte, E.H. Gombrich: "As feições de seus retratos revelam impiedosamente toda a
sua fatuidade e ambição, toda a sua feiúra e vacuidade".
As pinturas que fazem
parte da coleção do Masp
exemplificam bem as palavras de Gombrich. Tanto o
retrato de Fernando 7º como
o da Condessa de Casa Flores
mostram figuras distantes
do modelo ideal de beleza.
Outra exemplo típico dessa
marca paradoxal do artista
são as "Majas", a vestida e a
desnuda -que levaram Goya
a ser interrogado pela Inquisição. Provavelmente, era a
duquesa de Alba, amante do
artista, sendo modelo do primeiro nu na pintura espanhola. Para disfarçar a identidade, Goya alterou traços
da face e depois fez a versão
pudica, da mulher vestida,
na qual, mesmo assim, nota-se o contorno do corpo.
(FCY)
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