São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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Perto do poder, artista o retratou "sem compaixão"

DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo o curador do Masp, Teixeira Coelho, Goya representa bem um paradoxo vivido pelos artistas: precisar estar perto de quem tem dinheiro para custear suas obras e se manter; ao mesmo, ter liberdade para expressar sua arte da maneira mais aberta possível.
Goya conseguiu viver nessa corda bamba com maestria, estando sempre próximo do poder, seja da monarquia espanhola, seja dos inquisidores da Igreja Católica, retratando-os, em muitos casos, sem "compaixão", como escreve o historiador da arte, E.H. Gombrich: "As feições de seus retratos revelam impiedosamente toda a sua fatuidade e ambição, toda a sua feiúra e vacuidade".
As pinturas que fazem parte da coleção do Masp exemplificam bem as palavras de Gombrich. Tanto o retrato de Fernando 7º como o da Condessa de Casa Flores mostram figuras distantes do modelo ideal de beleza. Outra exemplo típico dessa marca paradoxal do artista são as "Majas", a vestida e a desnuda -que levaram Goya a ser interrogado pela Inquisição. Provavelmente, era a duquesa de Alba, amante do artista, sendo modelo do primeiro nu na pintura espanhola. Para disfarçar a identidade, Goya alterou traços da face e depois fez a versão pudica, da mulher vestida, na qual, mesmo assim, nota-se o contorno do corpo. (FCY)


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