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Livro revê
carreira de
Nuno Ramos
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Nuno Ramos pode se considerar
um artista de sorte. Depois de conquistar a crítica, pode agora, finalmente, conquistar também um
público mais amplo que aquele das
vernissages. Lança hoje, no Masp,
seu livro "Nuno Ramos".
O livro, em edição bilíngue (português e inglês), traz 150 reproduções coloridas de suas obras e textos de Alberto Tassinari, Lorenzo
Mammi e Rodrigo Naves. E mais,
tem um preço acessível: R$ 44.
"Acho importante que a recepção seja menos especializada. Eu
tenho dificuldade de entender por
que a penetração dos trabalhos de
artes plásticas é tão pequena, no
sentido que parece que ela não vira
pensamento, não vira referência
para pessoas de outras áreas."
Primeiro Nuno criou as telas matéricas, nos anos 80, como membro da Casa 7, grupo que foi sinônimo da revitalização da pintura,
movimento que refletia tendência
mundial da época. Era o início de
uma obra de acúmulos, de materiais, de metáforas, de leituras.
"Eu trabalho com diversos gêneros e acho que levo esse gênero a
um limite, mas sem negá-lo. Tenho até um certo apreço por me
manter dentro dele. Eu me sinto
atraído pelo gênero, diferentemente dos projetos de vanguarda,
que atravessam os séculos tentando negar isso", disse.
Foi assim que Nuno incorporou
os procedimentos acumulativos
da pintura às suas esculturas e instalações. O acúmulo de materiais
(espelhos, plásticos, madeira, arame, folhas secas, tintas, chapas de
bronze) revelava uma preocupação com a ordem, surgimento e
morte das coisas, como acontece
em sua obra "111", leitura da tragédia acontecida em 2 de outubro
de 1992, quando a PM de São Paulo
invadiu o presídio do Carandiru e
matou 111 detentos.
"Eu tive quatro peças grandes
com as quais eu me envolvi de uma
maneira cosmogônica, que partiu
do '111'. Essa obra tem uma passagem de algo imediato, as manchetes dos jornais, para uma coisa
mais cósmica, as fotos dos satélites. O '111', a 'Mácula', a 'Craca' e a
'Milk Way' trabalham também
com esse conceito de vida e morte.
É uma vontade de ter uma prosa
elevada, sem perder uma circunstância, uma sujeira da vida."
Nuno já participou de três Bienais de São Paulo (1985, 1989 e
1995) e da 46ª Bienal de Veneza
(1995). Não tem individual prevista para o Brasil este ano, mas participa de coletivas no México, Espanha e Inglaterra, na prestigiosa galeria Anthony D'Offay. A próxima
individual acontece no início do
ano que vem, no Museu de Arte
Contemporânea de Barcelona.
Livro: Nuno Ramos
Textos: Alberto Tassinari, Lorenzo Mammi
e Rodrigo Naves
Editora: Ática
Lançamento: hoje, das 19h às 21h
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel.
011/251-5644)
Quanto: R$ 44
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