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QUADRINHOS
Primeiro desenhista brasileiro nos Estados Unidos publica revista em parceria com o argumentista George El Khouri
Marcelo Campos lança HQ em 'alta voltagem'
PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
free-lance para a Folha
Marcelo Campos, o primeiro
brasileiro a desenhar quadrinhos
para os Estados Unidos, está lançando uma publicação destinada
ao povo brasileiro: "Alta Voltagem", revista bimestral em preto-e-branco que já está nas bancas.
O desenhista conta com a participação do amigo e argumentista
George El Khouri na produção da
revista e na liderança da editora independente Volt, recém-fundada
por eles.
Marcelo entrou no mercado norte-americano em 1989, quando assumiu o lápis de "Deathworld",
minissérie em 12 edições da editora Malibu.
Em 1994, Marcelo chegou a uma
das maiores editoras norte-americanas, a DC Comics -conhecida
por publicar Batman e Super-Homem, entre outras revistas.
Desde então, trabalhou com personagens famosos, como a Justice
League (Liga da Justiça) e Guy
Gardner, e nos três anos seguintes
chegaria à duas outras grandes
editoras, a Dark Horse, onde assumiu "The Mask" (Máskara, no
Brasil) e a Marvel, para a qual desenhava "Uncanny Origins" até a
semana passada.
Apesar da fama que desenhar para fora lhe trouxe, Marcelo aponta
problemas em se envolver com os
quadrinhos norte-americanos.
"Pelo fato de o mercado ser tão
bem estruturado e envolver muito
dinheiro, ele atrai pessoas que tratam quadrinhos como uma coisa
comercial."
"Aparece um Jim Lee ou um
Marc Silvestri, e os editores de certas revistas mandam que os desenhistas imitem a arte deles. Quem
se recusa a copiar, como eu, tem
que arcar com as consequências.
Por exemplo, você não pega mais
trabalho a toda hora e, quando pega, corre o risco de trabalhar em
uma revista instável", diz Marcelo.
Mas ele aponta um lado bom
nesse mercado. "Lá existe uma indústria de quadrinhos: você trabalha, é pago por isso, sua revista
chega mensalmente às bancas e
você pode ser reconhecido."
HQs em alta voltagem
Em 1991, Marcelo e George levaram seus próprios personagens
para as bancas brasileiras , quando
a editora independente Vidente
lançou "Age of Darkness".
O detalhe é que a revista, embora
publicada aqui no Brasil e destinada aos leitores tupiniquins, era
editada em inglês.
O público alvo de "Age of Darkness" eram as pessoas que compravam revistas estrangeiras pelas
importadoras, que sabiam ler em
inglês.
"A vantagem é que a sobra do
material que não fosse vendido
poderia ser exportado para os Estados Unidos. Se fosse em português, não teríamos o que fazer com
o encalhe", explica Marcelo.
A revista, entretanto, teve vida
curta: apenas dois dos quatro números prometidos chegaram às
bancas. A editora faliu.
Para que o lançamento de estréia
da editora Volt não tenha o mesmo
destino de "Age of Darkness",
Marcelo e George tomaram certas
precauções.
Uma delas é a periodicidade da
revista, editada bimestralmente.
"Antes de tudo, é mais econômico
para nós, que estamos lançando
por uma editora independente. E,
depois, nos dá tempo de ver a receptividade dos leitores e de preparar o material conforme a aceitação", conta George.
No primeiro número, a revista
traz os personagens Foice Negra e
Deathless M, que foram apresentados ao público na "Age of Darkness". Outras duas criações da dupla devem aparecer nas próximas
edições: Wardjan e o durão Quebra-Queixo.
"A gente não sabe o que vai
acontecer com a revista, mas sentimos que tínhamos de fazê-la. No
futuro, se as coisas derem certo,
queremos chamar os amigos para
trabalharem com a gente", diz
Marcelo.
Lançamento: Alta Voltagem
Quando: já nas bancas
Quanto: R$ 3 (36 págs.)
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