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BIENAL DO LIVRO
Em sua 11ª edição, evento reflete o crescimento das pequenas e médias editoras no mercado
A maiúscula Bienal das minúsculas
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca uma feira do livro foi tão mastodôntica
no Brasil quanto a Bienal
que começa hoje, no Rio
de Janeiro. Com 55 mil m2,
um campo e meio de futebol a mais do que qualquer similar já realizado
no país, o megaevento carioca "tica" um a um os itens do "Guinness" das bienais.
"É a maior em espaço, em expositores, em eventos, em presença
de autores brasileiros...", enumera Paulo Rocco, presidente do
Sindicato Nacional das Editoras
de Livros, responsável pela feira.
Mas nessa Bienal maiúscula não
é só com letras garrafais que se escreve a história.
Se o megaevento que começa
hoje com palestra do ministro da
Educação, Cristovam Buarque, e
se estende até o dia 25 no Riocentro, tem como principal outdoor a
vinda do escritor anglo-indiano
Salman Rushdie, estrela-guia entre os convidados estrangeiros, não é nenhum dos
convidados estrangeiros que lhe
dá porte de megaevento.
A participação maciça das pequenas e médias editoras é a grande novidade do encontro, que
chega a sua 11ª edição.
"A chegada de uma centena de
editoras de pequeno porte é que
deu o tamanho desta Bienal", opina Arthur Repsold, diretor-presidente da Fagga Eventos, que gerencia a feira carioca desde seu
"début", há 20 anos, no refinado
Copacabana Palace.
O afluxo das nanicas reflete a
proliferação no mercado editorial
de casas de pequenas proporções,
mas mais do que isso ilustra a organização dos "davis" em uma espécie de "golias".
Criada há menos de um ano por
um grupo de editoras de portes
pequeno e médio, a Liga Brasileira das Editoras, a Libre, terá o terceiro maior estande da Bienal,
com 828 m2 quadrados.
"A nossa organização permitiu
que editoras que tem só seis livros
lançados participassem do evento", comenta a editora Camilla
Perligeiro, presidente da Libre.
Segundo ela, das 55 editoras que
dividem o estande da instituição,
pelo menos metade nunca esteve
em uma Bienal.
As nanicas chegam ao evento
com apetite. Só as afiliadas da Libre devem lançar de cem a 150 títulos (dos mil novos livros estimados pela organização da Bienal) e organizar, em seu espaço,
mais de 50 eventos, quase o mesmo número de acontecimentos
da agenda oficial da Bienal.
Para tanto, a Libre usará orçamento diminuto como o tamanho de suas editoras. Os investimentos totais na feira giram em
torno de R$ 17 milhões, de acordo
com projeção da Fagga.
Toda a performance da liga, incluída a compra do estande, custará R$ 270 mil. "Algumas editoras grandes gastam isso sozinhas
na Feira", diz Perlingeiro.
Não foi sozinha que a instituição conseguiu esse milagre orçamentário. O Snel vendeu os metros quadrados de Bienal com
40% de desconto para as pequenas. "Como a Bienal tem por objetivo a mais ampla mostra da produção editorial brasileira, nos
empenhamos para que as pequenas, que estão crescendo muito,
estivessem aqui", afirma Rocco.
A "colher de chá" não foi só para a Libre. Criado na edição passada, com pouco mais de dez editoras de pequeno porte, o espaço
Calçada Literária terá este ano 32
expositores, que também tiveram
seus 300 m2 "incentivados".
Essa metragem, somada à da Libre, daria às pequenas a liderança
entre os estandes da Bienal, nesta
edição nas mãos da Associação
Brasileira de Editores Cristãos.
"Mesmo em nosso espaço temos algumas editoras pequeno-médias", diz a diretora da Abec Judith Brito. Elas dividem espaço
com as "majors" da área evangélica, como Sociedade Bíblica do
Brasil, que lança um imponente
"Antigo Testamento Poliglota" na
feira carioca, com versões das escrituras em português, inglês, hebraico e grego.
O livro quadrilíngue deve dividir espaço nas prateleiras do Riocentro com pelo menos 100 mil
outros títulos, estimativa da Fagga para o número de volumes que
estarão à venda na Bienal.
Entre eles, estarão sendo examinados com atenção especial pelos
914 expositores os lançamentos
de duas editoras recém-chegadas
do exterior. A espanhola Planeta
faz sua estréia com 14 títulos. A
francesa Larousse aporta com 60
lançamentos, a maior parte deles
para o leitorado infantil.
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