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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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BIENAL DO LIVRO

Em sua 11ª edição, evento reflete o crescimento das pequenas e médias editoras no mercado

A maiúscula Bienal das minúsculas

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca uma feira do livro foi tão mastodôntica no Brasil quanto a Bienal que começa hoje, no Rio de Janeiro. Com 55 mil m2, um campo e meio de futebol a mais do que qualquer similar já realizado no país, o megaevento carioca "tica" um a um os itens do "Guinness" das bienais.
"É a maior em espaço, em expositores, em eventos, em presença de autores brasileiros...", enumera Paulo Rocco, presidente do Sindicato Nacional das Editoras de Livros, responsável pela feira.
Mas nessa Bienal maiúscula não é só com letras garrafais que se escreve a história.
Se o megaevento que começa hoje com palestra do ministro da Educação, Cristovam Buarque, e se estende até o dia 25 no Riocentro, tem como principal outdoor a vinda do escritor anglo-indiano Salman Rushdie, estrela-guia entre os convidados estrangeiros, não é nenhum dos convidados estrangeiros que lhe dá porte de megaevento.
A participação maciça das pequenas e médias editoras é a grande novidade do encontro, que chega a sua 11ª edição.
"A chegada de uma centena de editoras de pequeno porte é que deu o tamanho desta Bienal", opina Arthur Repsold, diretor-presidente da Fagga Eventos, que gerencia a feira carioca desde seu "début", há 20 anos, no refinado Copacabana Palace.
O afluxo das nanicas reflete a proliferação no mercado editorial de casas de pequenas proporções, mas mais do que isso ilustra a organização dos "davis" em uma espécie de "golias".
Criada há menos de um ano por um grupo de editoras de portes pequeno e médio, a Liga Brasileira das Editoras, a Libre, terá o terceiro maior estande da Bienal, com 828 m2 quadrados.
"A nossa organização permitiu que editoras que tem só seis livros lançados participassem do evento", comenta a editora Camilla Perligeiro, presidente da Libre. Segundo ela, das 55 editoras que dividem o estande da instituição, pelo menos metade nunca esteve em uma Bienal.
As nanicas chegam ao evento com apetite. Só as afiliadas da Libre devem lançar de cem a 150 títulos (dos mil novos livros estimados pela organização da Bienal) e organizar, em seu espaço, mais de 50 eventos, quase o mesmo número de acontecimentos da agenda oficial da Bienal.
Para tanto, a Libre usará orçamento diminuto como o tamanho de suas editoras. Os investimentos totais na feira giram em torno de R$ 17 milhões, de acordo com projeção da Fagga.
Toda a performance da liga, incluída a compra do estande, custará R$ 270 mil. "Algumas editoras grandes gastam isso sozinhas na Feira", diz Perlingeiro.
Não foi sozinha que a instituição conseguiu esse milagre orçamentário. O Snel vendeu os metros quadrados de Bienal com 40% de desconto para as pequenas. "Como a Bienal tem por objetivo a mais ampla mostra da produção editorial brasileira, nos empenhamos para que as pequenas, que estão crescendo muito, estivessem aqui", afirma Rocco.
A "colher de chá" não foi só para a Libre. Criado na edição passada, com pouco mais de dez editoras de pequeno porte, o espaço Calçada Literária terá este ano 32 expositores, que também tiveram seus 300 m2 "incentivados".
Essa metragem, somada à da Libre, daria às pequenas a liderança entre os estandes da Bienal, nesta edição nas mãos da Associação Brasileira de Editores Cristãos.
"Mesmo em nosso espaço temos algumas editoras pequeno-médias", diz a diretora da Abec Judith Brito. Elas dividem espaço com as "majors" da área evangélica, como Sociedade Bíblica do Brasil, que lança um imponente "Antigo Testamento Poliglota" na feira carioca, com versões das escrituras em português, inglês, hebraico e grego.
O livro quadrilíngue deve dividir espaço nas prateleiras do Riocentro com pelo menos 100 mil outros títulos, estimativa da Fagga para o número de volumes que estarão à venda na Bienal.
Entre eles, estarão sendo examinados com atenção especial pelos 914 expositores os lançamentos de duas editoras recém-chegadas do exterior. A espanhola Planeta faz sua estréia com 14 títulos. A francesa Larousse aporta com 60 lançamentos, a maior parte deles para o leitorado infantil.


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