São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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Política não ofuscou importância lingüística

ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Se as opiniões políticas muito à esquerda de Noam Chomsky estão longe de ser unanimidade, é difícil ouvir voz dissonante quanto à sua contribuição para a lingüística, área a que se dedicou em 50 anos de vida acadêmica e que foi por ele revolucionada com a teoria da gramática gerativa, nos anos 50 e, há dez anos, ganhou também a contribuição de seu "programa minimalista".
"Noam Chomsky é um dos maiores lingüistas do século 20. Ele revolucionou por completo a lingüística ao definir a linguagem como uma faculdade biológica", afirma a professora Charlotte Galves, diretora do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.
Para Milton do Nascimento, professor da pós-graduação da PUC-MG, "Chomsky são vários: reformula periodicamente a própria teoria, mantendo seu objeto, mas fazendo-a avançar. Provocou revolução ao mudar o foco da investigação lingüística e a colocou na interface de outras ciências".
"Sua influência foi para além do domínio da linguística e esteve na base da criação das ciências da cognição", diz Eduardo Raposo, professor na Universidade da Califórnia em Santa Barbara.
"Quando esteve no Brasil, num jantar em casa da lingüista Cristina Altman, perguntamos a ele, referindo-nos às suas duas características tão aparentemente distantes (a radicalidade lingüística e a radicalidade política), se para cada uma utilizava um lado diferente do cérebro. Com inteligência e humor, defendeu suas formas de enfrentar a vida e dela participar ativamente", conta Beth Brait, professora na pós-graduação em lingüística na USP e na PUC-SP.


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