São Paulo, domingo, 15 de maio de 2005

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TELEVISÃO

Record e Rede TV! entram na disputa com a Globo pela comercialização de seus programas em outros países

TVs ampliam vendas ao mercado externo

MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

A televisão brasileira está de olho no mercado internacional. Cada vez mais, as produções utilizam aspectos locais e de regionalidade como características que possam interessar ao público-alvo do exterior, além de adequar seus conteúdos a uma certa universalização de temas.
O mercado de vendas de produtos brasileiros está em alta entre produtoras e emissoras do exterior. Ainda neste ano, o país deve ser tema de uma grande feira internacional de TV que acontece em outubro.
A Rede Globo, que desde 1973 comercializa suas novelas -a primeira foi "O Bem Amado", exibida no Uruguai-, domina o mercado entre as TVs abertas. Exibiu "Terra Nostra", seu produto de maior sucesso, em 84 países e ainda tem expectativas de vender mais, segundo Ricardo Scalamandré, 53, diretor da divisão de negócios internacionais da emissora. "As nossas novelas têm qualidade e isso vende", diz.

Concorrência
A Globo não está mais sozinha. Além das produtoras independentes (leia texto abaixo), outras emissoras também querem brigar por uma fatia do bolo. É o caso da Record, que, depois de obter sucesso com o remake de "A Escrava Isaura", vendeu a novela para Portugal, Venezuela e Equador e deve fechar com Chile, Aruba, Índia, Colômbia, Paraguai, Uruguai e Argentina.
A Rede TV!, surpreendentemente, também entrou no mercado internacional. O azarão Amílcare Dallevo Jr., 47, presidente da emissora, comemora a venda do "Teste de Fidelidade", apresentado pelo humorista João Kléber, para Portugal. "Na realidade, a gente nunca ligou muito para o mercado internacional porque estamos arrumando a casa internamente, mas recebemos uma série de convites para comercializar fora do país. Semana passada fizemos uma reunião e decidimos estruturar uma área internacional para comercializar nossos outros produtos", afirma.
João Kléber já é sucesso em Portugal -segundo Dallevo Jr., na semana passada, o programa teve um share (participação de televisores ligados no canal) de 66%. O programa foi vendido a 10 mil (cerca de R$ 31 mil), quase metade do custo de produção aqui.
Agora, a atração é negociada com a Itália. O plano é vender ainda o sitcom infanto-juvenil "Vila Maluca" e o humorístico "Pânico na TV".

Conteúdo
De acordo com a Globo, o modelo de negócios que a emissora quer seguir é a produção de novelas internacionais. Foi o que aconteceu com "Vale Tudo", que teve uma versão espanhola produzida no Brasil para a Telemundo.
Segundo ele, a Globo já optou por modelos de co-produção com Portugal e Itália. Ele cita "Os Maias" e "Esperança", ambos com gravações específicas nos países e com participação de atores estrangeiros. "A influência estrangeira no conteúdo da novela é zero, como foi feito em "Esperança". Quando a gente fala em produção, estamos focando o mercado brasileiro. Tudo o que pudermos fazer para melhorar a venda internacional sem prejudicar o mercado brasileiro, faremos."
Ele nega que a atual "América" seja feita sob medida para a venda internacional. "A gente recebe ligações perguntando quando teremos o produto para venda, dublado. Provavelmente, ela será lançada somente no segundo semestre do ano que vem no mercado internacional. Não é uma grande expectativa, pois o tema é quente somente para os EUA", diz.

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