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Independente vê exterior como oportunidade
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Sufocados pela produção própria da TV aberta brasileira, produtoras independentes enxergam
o mercado internacional como
oportunidade de escoamento de
seus programas e difusão da cultura brasileira no mundo.
Segundo representantes dos
produtores, não há espaço nas
grades das emissoras de TV para
os independentes, mercado em
expansão nos últimos anos. "O
Brasil acordou para o mercado internacional", diz Marco Altberg,
51, presidente da ABPI-TV (Associação Brasileira dos Produtores
Independentes de TV).
"O nosso modelo de televisão
comercial é diferente dos demais
países. Aqui, as TVs não são emissoras, mas se construíram como
produtoras. Neste sentido, a experiência internacional é maravilhosa, pois grande parte da grade das
emissoras internacionais é de
produção independente", afirma.
"Queremos colocar o produto
independente no mapa, seja por
reconhecimento e também por
qualidade, além de criar oportunidades de co-produção aqui e lá
fora."
Para atender à demanda, foi
criada a associação, que reúne
produtoras que desenvolvem trabalhos para a televisão, mas não
têm muitas opções de onde exibi-los. A ABPI-TV promove encontros, capacitação e fomento aos
produtos brasileiros em feiras internacionais.
Em abril passado, produtores
brasileiros participaram do
MipTV (Mercado Internacional
de Programas de Televisão), na
França, onde expuseram seus
projetos entre os de 14 mil empresas, com apoio da Secretaria do
Audiovisual do MinC (Ministério
da Cultura).
Fernando Dias, 35, diretor-executivo da Grifa e vice-presidente
da ABPI-TV, diz que o país começa a engrenar num modelo de negócios parecido com o do exterior, o de co-produções para a TV
internacional.
"Existe uma procura por conteúdos brasileiros. Os mercados lá
fora têm mecanismos para promover e fomentar a co-produção
internacional, com subsídios e incentivos aos produtores", afirma
Dias.
Sua produtora prepara duas séries de documentários com a TV
francesa, uma delas sobre cidades-fantasmas.
Célia Catunda, da TV Pingüim
Animation, engrossa o coro dos
insatisfeitos com as emissoras de
televisão brasileiras. "O mercado
de animação praticamente inexiste. Tive mais facilidade de vender
fora do Brasil do que aqui, onde as
emissoras estão muito fechadas",
afirma.
Atualmente, sua produtora
-há 15 anos no mercado com
trabalhos para emissoras como
Cultura, TVE, TV Escola, Canal
Futura e Globo- finaliza um longa-metragem espanhol de animação, inicia outro e projeta uma série de 26 capítulos sobre um personagem criado para a internet.
"O custo do Brasil é menor", diz,
justificando a entrada no mercado internacional com apoio da
ABPI-TV.
Roberto Dávila, 41, da Teleimage/Moonshot, também se entusiasma com a co-produção internacional. Ele está em Cannes
(França) nesta semana para
acompanhar o festival de cinema
e fechar três co-produções. "O
Brasil está na moda e é um país favorável à produção", diz.
Sua empresa vendeu a novela
"Metamorphoses", exibida no
Brasil pela Record, para o mercado asiático. "Temos muito trabalho pela frente, especialmente em
co-produção", garante Juliana Algañara, 31, produtora-executiva
da Teleimage/Moonshot. Segundo ela, serão produzidos 30 telefilmes, uma série de 13 episódios,
uma série sobre turismo e outra
de desenhos animados, além de
dois documentários sobre a história do Brasil, em parceria com
países de língua espanhola.
Amílcare Dallevo Jr., presidente
da Rede TV!, nega que a televisão
brasileira restrinja o espaço às
produtoras independentes. "Se o
programa for bom, ele tem espaço", afirma. (MB)
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