São Paulo, domingo, 15 de maio de 2005

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Independente vê exterior como oportunidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Sufocados pela produção própria da TV aberta brasileira, produtoras independentes enxergam o mercado internacional como oportunidade de escoamento de seus programas e difusão da cultura brasileira no mundo.
Segundo representantes dos produtores, não há espaço nas grades das emissoras de TV para os independentes, mercado em expansão nos últimos anos. "O Brasil acordou para o mercado internacional", diz Marco Altberg, 51, presidente da ABPI-TV (Associação Brasileira dos Produtores Independentes de TV).
"O nosso modelo de televisão comercial é diferente dos demais países. Aqui, as TVs não são emissoras, mas se construíram como produtoras. Neste sentido, a experiência internacional é maravilhosa, pois grande parte da grade das emissoras internacionais é de produção independente", afirma.
"Queremos colocar o produto independente no mapa, seja por reconhecimento e também por qualidade, além de criar oportunidades de co-produção aqui e lá fora."
Para atender à demanda, foi criada a associação, que reúne produtoras que desenvolvem trabalhos para a televisão, mas não têm muitas opções de onde exibi-los. A ABPI-TV promove encontros, capacitação e fomento aos produtos brasileiros em feiras internacionais.
Em abril passado, produtores brasileiros participaram do MipTV (Mercado Internacional de Programas de Televisão), na França, onde expuseram seus projetos entre os de 14 mil empresas, com apoio da Secretaria do Audiovisual do MinC (Ministério da Cultura).
Fernando Dias, 35, diretor-executivo da Grifa e vice-presidente da ABPI-TV, diz que o país começa a engrenar num modelo de negócios parecido com o do exterior, o de co-produções para a TV internacional.
"Existe uma procura por conteúdos brasileiros. Os mercados lá fora têm mecanismos para promover e fomentar a co-produção internacional, com subsídios e incentivos aos produtores", afirma Dias.
Sua produtora prepara duas séries de documentários com a TV francesa, uma delas sobre cidades-fantasmas.
Célia Catunda, da TV Pingüim Animation, engrossa o coro dos insatisfeitos com as emissoras de televisão brasileiras. "O mercado de animação praticamente inexiste. Tive mais facilidade de vender fora do Brasil do que aqui, onde as emissoras estão muito fechadas", afirma.
Atualmente, sua produtora -há 15 anos no mercado com trabalhos para emissoras como Cultura, TVE, TV Escola, Canal Futura e Globo- finaliza um longa-metragem espanhol de animação, inicia outro e projeta uma série de 26 capítulos sobre um personagem criado para a internet. "O custo do Brasil é menor", diz, justificando a entrada no mercado internacional com apoio da ABPI-TV.
Roberto Dávila, 41, da Teleimage/Moonshot, também se entusiasma com a co-produção internacional. Ele está em Cannes (França) nesta semana para acompanhar o festival de cinema e fechar três co-produções. "O Brasil está na moda e é um país favorável à produção", diz.
Sua empresa vendeu a novela "Metamorphoses", exibida no Brasil pela Record, para o mercado asiático. "Temos muito trabalho pela frente, especialmente em co-produção", garante Juliana Algañara, 31, produtora-executiva da Teleimage/Moonshot. Segundo ela, serão produzidos 30 telefilmes, uma série de 13 episódios, uma série sobre turismo e outra de desenhos animados, além de dois documentários sobre a história do Brasil, em parceria com países de língua espanhola.
Amílcare Dallevo Jr., presidente da Rede TV!, nega que a televisão brasileira restrinja o espaço às produtoras independentes. "Se o programa for bom, ele tem espaço", afirma. (MB)

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