São Paulo, domingo, 15 de maio de 2005

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ATRAÇÃO INTERNACIONAL

Lucas Babin voltará a estudar português

Caubói de "América" apanha da língua

DA REDAÇÃO

Uma das estratégias da Globo para chamar a atenção de suas novelas no exterior é usar atores estrangeiros nas tramas. Primeiro foram os portugueses. As novelas da Globo passam antes em Portugal, depois nos demais países. A Globo já foi sócia da emissora portuguesa SIC, com quem tem acordo de exclusividade no país.
A novidade nos corredores da Globo é um ator norte-americano, que até setembro do ano passado falava pouquíssimas palavras em língua portuguesa. O texano Lucas Babin, 25, está no elenco de "América" não apenas porque é verossímil peões norte-americanos nos rodeios brasileiros mas também pelo desejo da Globo de tornar a novela um grande sucesso nos Estados Unidos.
Nos EUA, a Globo tem parceria com a rede hispânica Telemundo, que exibe suas novelas dubladas em espanhol. "O Clone" (2001/02) foi um fenômeno de audiência na Telemundo. Autora de "O Clone", Glória Perez quer repetir o sucesso com "América", que trata de tema de interesse dos hispânicos: a imigração.
Intérprete do peão Nick, Babin tem sido alvo de críticas de telespectadores, que não conseguem entender direito o que ele fala. O ator confessa que já sofreu muito com a língua. Entre setembro e janeiro, estudou português quatro horas por dia. Vai voltar a ter aulas.
"Português é muito mais complicado do que inglês. Gostaria que o povo tivesse paciência, porque quero aprender mais e falar muito bem. Foi difícil no começo. Agora estou fazendo cenas com mais facilidade", diz Babin.
O ator afirma que a maior dificuldade é entender o que se fala em português. "É mais fácil falar", conta. Babin também sofreu para entender o personagem, o que talvez justifique sua atuação "sofrível".
"Eu gostaria de saber mais [sobre o personagem], mas não sei. Ele prometeu dar dinheiro para Sol [Deborah Secco] pagar sua viagem para os Estados Unidos e não deu. Agora sei que ele é um filho da mãe. Acho interessante, estou aprendendo o personagem e interpretando melhor", afirma.
Babin confessa que não é muito conhecido nos Estados Unidos. Fez alguns filmes obscuros e uma ponta no seriado "Sex and the City", em que era paquerado por um personagem homossexual. "Eu espero que mais gente assista a "América" nos Estados Unidos. Acho que o assunto imigração é interessante", diz.
O americano foi parar no elenco de "América" por acaso. No ano passado, viajou para conhecer o Rio e aproveitou para fazer um desfile (ele era modelo) na Fashion Rio. Lá, conheceu o jornalista Alex Lerner, que o apresentou a Glória Perez e Jayme Monjardim (então diretor-geral da novela). Fez testes e foi aprovado.
"Fiquei muito entusiasmado. Achava que poderia aprender com atores brasileiros", lembra. Até então, tinha pouco contato com a teledramaturgia brasileira. Foi apresentado a ela rapidamente, por uma amiga brasileira que mora em Los Angeles, que lhe mostrou uma fita VHS de "O Clone".
"Eu assisti um pouco, vi o Murilo Benício. Nunca pensei que estaria trabalhando numa novela brasileira. Quando me vi numa, pensei: "I can't believe" [Não acredito]", diz.
Babin nunca foi caubói, como seu personagem, apesar de ter crescido em uma cidade repleta deles. Ele acha estranho o fato de personagens americanos de "América" falarem em português, e não em inglês. "Poderia ter mais inglês. As cenas no México tiveram muito espanhol", diz.

Galã português
Outro estrangeiro atualmente no ar na Globo é o português Ricardo Pereira, 25, que interpreta o bom-caráter Daniel Cascaes em "Como uma Onda", novela das seis. Na produção, contracena com a também lusitana Joana Solnado.
Pereira é o primeiro estrangeiro a fazer um protagonista em novelas da Globo. Seu trabalho tem convencido diretores da emissora. Seus olhos verdes têm arrancado suspiros das telespectadoras. Ele já chegou a ser um dos atores que mais recebem cartas na emissora.
O ator já fez várias novelas em Portugal, mas nenhuma delas lhe deu o espaço de "Como uma Onda". Diz que a produção o deixou mais conhecido em seu próprio país. "A novela está fazendo muito sucesso em Portugal", conta.
Pereira foi parar na Globo por meio de testes. "Já era para eu ter feito novela aqui. Novelas brasileiras com atores portugueses fazem mais sucesso lá fora", diz.
Assim como Lucas Babin, Ricardo Pereira quer fazer outros trabalhos no Brasil, mas não pretende se fixar aqui. "Quero experimentar outros mercados, como os Estados Unidos. Espanha e França eu já fiz."
(DANIEL CASTRO)

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