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Mais saboroso, queijo curado exige cuidados
DA ENVIADA À SERRA DA CANASTRA
Se há uma ciência no queijo
artesanal mineiro, ela está na
cura, naquele processo de maturação que transforma o queijo, dia após dia, em outro. Ao
descansar, ele ganha sabor,
textura, cor e intensidade.
"Sou defensor do queijo maturado porque é ali que ele adquire sabor. É mais caro, e
grande parte da população talvez não tenha poder aquisitivo
para consumi-lo. Foi por isso
que abriram-se lacunas para
vender o fresco", diz Luciano
Carvalho Machado, produtor
de Medeiros que tem na sua
queijaria algumas peças de Canastra real (um queijo maior,
com 30 cm de diâmetro) maturando há mais de sete meses.
O primeiro conceito que é
preciso ter em mente é o de enxergar esse queijo como ele é:
um alimento vivo. Daí, caso a
intenção seja consumi-lo maturado, nascem dois cuidados
básicos: não pode ser embalado
nem guardado na geladeira.
"Quem fala em embalar é
quem não conhece. A embalagem do queijo é a casca dele, assim como a da mexerica é a casca dela", compara Machado.
João Carlos Leite, produtor
de São Roque de Minas que resgatou, ao ouvir histórias dos antigos, o fabrico do Canastra
real, concorda: "Embalou, o
queijo morreu. O processo de
maturação nada mais é que a
briga entre as más e as boas
bactérias. As más são vencidas
pelas boas, que vão viver ali até
a gente comer o queijo".
Para que amadureça bem, o
queijo deve ser deixado em um
lugar fresco e arejado e, a cada
três ou quatro dias, ser lavado
em água (de preferência filtrada). E, o mais importante, deve
ser virado todos os dias para os
dois lados curarem por igual. O
ideal é deixá-lo maturar por,
pelo menos, 20 dias. O maior
desafio é esperar...
(JF)
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