São Paulo, sexta, 15 de maio de 1998

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Mostra tem várias atrções

do enviado especial a Cannes

A 51ª rodada de Cannes tem atrações de estontear qualquer cinéfilo. Uma curiosidade na lista da competição: o filme mais longo, "Henry Fool", de Hal Hartley, dura 2h17; "Abril", do cáustico humorista italiano Nanni Moretti, apenas 1h18. Vai ser mais fácil pular de um filme para outro e tentar manter a média de seis a sete longas a ver por dia.
As simpatias são abundantes. Por ordem alfabética (dos filmes em competição), começa com o grego Theo Angelopoulos ("Um Dia a Eternidade"). Traz o "anjo alemão" Bruno Ganz e roteiro do mestre italiano Tonino Guerra.
Prossegue com Hector Babenco, é claro, e seu "Coração Iluminado". Além de Hal Hartley, o godardiano de Nova York, e Nanni Moretti, o kiarostamiano de Roma, as simpatias e curiosidades se concentram sobre as novidades trazidas de Taiwan por Hou Hsiao-hsien ("Flores de Shangai") e Tsai Ming-liang ("O Buraco"). Ambos já ganharam o Leão de Ouro em Veneza e são reverenciados por seus exercícios minimalistas. Hsiao-hsien recria a atmosfera de bordéis de luxo onde a rapaziada da elite chinesa do fim do século passado ia tomar ópio.
Um século depois, mais um fim de século, agora no filme de Tsai Ming-liang. Claustrofóbico e cruel como em "O Rio", Ming-liang explora agora as condições de um fim de mundo, sete dias antes das comemorações do ano 2000.
O filme de Ming-liang faz parte da série "O Ano 2000 Visto por...", da qual faz parte o novo filme de Walter Salles (com a co-direção de Daniela Thomas), "Midnight". O brasileiro, na versão reduzida para a TV, passa em Cannes em uma única sessão para convidados, nesta segunda. "Midnight" está sendo disputado pelas seleções dos festivais de Locarno e de Veneza.
No ano da Copa, apenas um filme parece ligar para o fato. Justo o do ativista inglês Ken Loach. "Meu Nome É Joe" segue a decadência de um ex-jogador de futebol alcoólatra que se apaixona por sua assistente social.
Outro imperdível da lista da Palma de Ouro será "Os Idiotas", de Lars von Trier, uma ode à idiotice. Um grupo de amigos disputa a competência dos atos mais estúpidos envolvendo membros da própria família. (LEON CAKOFF)



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